Mundo

Rebeldes lançam "batalha da libertação" em Damasco

O emissário internacional Kofi Annan, que tenta ressuscitar o seu plano de paz, afirmou que a violência na Síria chegou a um "ponto crítico"

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2012 às 17h35.

Damasco - Os rebeldes sírios afirmaram nesta terça-feira o lançamento de uma "batalha pela libertação" de Damasco, onde violentos combates foram registrados com a entrada em ação de dois helicópteros do Exército.

Em Moscou, o emissário internacional Kofi Annan, que tenta ressuscitar o seu plano de paz, afirmou que a violência na Síria, que provocou a morte de mais 35 pessoas, chegou a um "ponto crítico", após a Cruz Vermelha Internacional ter classificado o conflito armado de "guerra civil".

O general Manaf Tlass, oficial de maior patente a ter desertado do Exército sírio, anunciou que está em Paris e que deseja uma transição construtiva em seu país, em um comunicado transmitido à AFP. Ele expressa sua "ira e dor por ver o Exército levado a travar um combate contrário a seus princípios".

"A batalha pela libertação de Damasco começou e os combates não vão parar na capital. Nós vamos para a vitória", afirmou o coronel Kassem Saadeddine, porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL), na Síria, contatado via Skype pela AFP. Os combates coincidem com o 12º aniversário da chegada ao poder de Bashar al-Assad, após a morte de seu pai.

Já um militar afirmou à AFP que o Exército "controla a situação e persegue os terroristas fugitivos em casas e mesquitas" de Damasco.

Desde domingo, os combates na capital, caracterizados pela oposição de reviravolta da contestação, ocorrem em vários bairros. Helicópteros entraram pela primeira vez em ação nesta terça-feira e metralharam bairros hostis ao regime.

Os combates sacodem o bairro de Midane, próximo do centro da cidade, onde, segundo uma fonte militar, o Exército entrou e cercou a mesquita de Zine al-Abidine. Foi dado um ultimato aos habitantes para deixarem o local antes da invasão iminente. Os soldados também entraram em Tadamoun (sul), onde ainda há "focos de resistência".

"O regime (de Assad) que está afundando, e ficou louco", afirma um militante de Midane, identificado como Abou Moussab. "Eles atiram em tudo e acabam de destruir a mesquita Ghazwat Badr".


No bairro de Qaboun (leste), "onde está a maioria dos rebeldes", os "combates continuam", acrescentou a fonte militar, indicando que "33 terroristas foram mortos, 15 feridos e 145 presos", fazendo referência aos rebeldes. O regime não reconhece o movimento de contestação.

O porta-voz do ESL afirmou que um helicóptero foi abatido quando sobrevoava este bairro. De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres, Qaboun foi alvo de disparos "que partiram dos helicópteros", e que mataram três civis.

Ao menos 35 pessoas morreram nesta terça-feira em meio à violência na Síria, segundo o OSDH, sendo 16 civis, incluindo sete na capital, 14 soldados e cinco rebeldes.

Essas informações não puderam ser confirmadas pela AFP.

O ESL, formado por desertores e civis armados, indicou que havia lançado uma grande operação, atacando "todos os postos de segurança nas cidades e no campo para provocar uma luta feroz (com as forças regulares) e obrigá-los a se render".

Em Moscou, Annan considerou "inaceitável" a situação neste país, onde, segundo ele, a crise chegou a "um ponto crítico". Ele se reuniu nesta terça-feira com o presidente russo, Vladimir Putin, que assegurou que a Rússia fará tudo para apoiar os esforços para pôr fim à crise.

A Rússia, principal aliada do regime de Assad, bloqueou todas as resoluções na ONU que condenavam a repressão. Em Nova York, as negociações sobre um novo mandato dos observadores na Síria enfrentam um impasse. Os ocidentais insistem na aprovação de uma resolução que ameace o regime com sanções, enquanto a Rússia rejeita essa possibilidade.

"Eu não vejo por que não podemos chegar a um acordo no Conselho de Segurança. Estamos prontos para isso", declarou, contudo, o chanceler russo Sergei Lavrov.

Por sua vez, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu à Rússia para aumentar a pressão sobre sua aliada durante uma conversa por telefone com o chanceler russo. Ban Ki-moon é esperado em Pequim para conversações com líderes chineses na quarta-feira.

Com a deterioração da situação, o governo iraquiano pediu aos seus cidadãos para deixarem a Síria, destacando a "crescente violência que (eles) são alvo"

Acompanhe tudo sobre:DitaduraPrimavera árabeSíria

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua