Iemên: Gabinete presidencial controlado por rebeldes é atingido por bombas em 07 de maio (Khaled Abdullah/Reuters)
AFP
Publicado em 29 de maio de 2018 às 09h05.
Última atualização em 29 de maio de 2018 às 09h06.
Os rebeldes iemenitas convocaram uma "mobilização geral" para defender o porto de Hodeida, ante o avanço das tropas pró-governo, apoiadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que estão a 20 km da cidade.
A cidade portuária, na região oeste do Iêmen, às margens do Mar vermelho, é a principal porta de entrada das importações e da ajuda humanitária no país que está em guerra há três anos.
"O exército iemenita apoiado pela coalizão está a quase 20 quilômetros de Hodeida e as operações continuam", declarou em Riad à imprensa o porta-voz da coalizão, Turki al-Maliki, que luta contra os rebeldes huthis apoiados pelo Irã.
"O objetivo é o retorno da cidade ao governo legal do Iêmen", acrescentou.
A coalizão considera que este porto é um ponto de partida para os ataques rebeldes contra os navios no Mar Vermelho e o ponto de entrada das armas enviadas pelo Irã, o que Teerã nega.
"Nosso objetivo é cortar a veia da qual se beneficiam os huthis", explicou Maliki.
A ONU teme que esta operação militar afete a distribuição de ajuda humanitária, que chega principalmente pelo porto de Hodeida. Algumas regiões do Iêmen estão à beira da fome.
Diante do avanço, o governador da capital Sanaa, controlada pelos rebeldes, Hamud Obad, convocou uma "mobilização geral" para defender a frente oeste.
Em uma cerimônia em homenagem a um líder rebelde morto em um ataque aéreo, Obad pediu mais esforços, em tropas e aparelhos", para "defender todas as frentes, em particular a da região oeste".
O porto de Hodeida fica a 230 km de Sanaa.
Em novembro de 2017, a coalizão anunciou um bloqueio total de Hodeida em resposta ao ataque de um míssil balístico lançado pelos rebeldes contra Riad.
O embargo foi aliviado após pressões internacionais, mas a coalizão tenta retomar o porto por terra, especialmente após o aumento dos ataques com mísseis.
As batalhas no oeste do Iêmen são muito violentas e são interrompidas apenas pelas minas, que segundo os militares iemenitas foram espalhadas pelos insurgentes.
A ofensiva é liderada pelos Emiratos Árabes Unidos e reúne várias milícias. A principal força é formada pelas "Brigadas dos Gigantes", ex-unidade de elite das Forças Armadas iemenitas que os Emirados convocaram e reforçaram com milhares de combatentes do sul do Iêmen.
A segunda força é composta por homens leais ao ex-presidente Ali Abdallah Saleh, morto em dezembro em uma operação de seus então aliados huthis. O grupo é liderado por Tarek Saleh, sobrinho do ex-presidente, que se uniu em abril à coalizão liderada pela Arábia Saudita, sem reconhecer até o momento o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, aliado de Riad.
A terceira força, chamada "Resistência de Tihama", é formada por militares que permaneceram fiéis ao presidente Hadi.
A coalizão atua militarmente no Iêmen desde 2015 para restaurar o governo reconhecido pela comunidade internacional, que foi expulso da capital Sanaa.
O conflito já deixou 10 mil mortos e mais de 55 mil feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além disso, a cólera acabou com a vida de mais de 2.200 pessoas e certas regiões do país estão à beira da desnutrição.