Rebeldes avançam em massa para o centro de Trípoli, enquanto líbios comemoram em Benghazi (Gianluigi Guercia/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2011 às 13h14.
Trípoli - Os rebeldes líbios avançavam em massa nesta segunda-feira no centro de Trípoli, onde fica a residência do ditador Muammar Kadafi, cuja queda os países ocidentais acreditam ser iminente.
Em poucos minutos, quase 40 veículos passaram por um correspondente da AFP e seguiram rumo à Praça Verde, lugar simbólico onde se reuniam os partidários do regime de Kadafi.
A chegada de guerrilheiros, que exibiam a bandeira da revolução, reforça o número de rebeldes já presentes em Trípoli.
O líder do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião na Líbia, afirmou nesta segunda-feira que a era de Muammar Kadafi "acabou" e disse esperar que ele seja capturado "vivo".
Durante uma entrevista coletiva em Benghazi, capital dos rebeldes no leste da Líbia, Mustafah Abdelkhalil disse ignorar onde se encontra Kadafi e explicou que alguns setores da capital ainda não estão sob controle dos insurgentes, incluindo o que abriga a residência do coronel líbio.
No Cairo, um representante do CNT afirmou que o país não autorizará a instalação de bases militares da Otan após a saída do coronel Kadafi, segundo a agência de notícias egípcia Mena.
"A Líbia é uma nação árabe e islâmica antes da Otan e seguirá sendo depois da Otan", declarou o enviado especial do CNT na Liga Árabe, Abdel Moneim al Huweini,
Segundo ele, "os líbios se rebelaram contra as ocidentais em 1970 e não existirão bases que não sejam líbias".
Huweini completou que os rebeldes são agradecidos à Otan, que efetuou os bombardeios que ajudaram os insurgentes pouco experientes e permitiu minimizar as perdas de vidas humanas.
Segundo o chanceler italiano Franco Frattini, o regime do coronel Kadafi controlava nesta segunda-feira apenas "entre 10 e 15%" de Trípoli.
Uma fonte diplomática que pediu anonimato afirmou que Kadafi ainda estaria em sua residência do bairro de Bab al-Aziziya em Trípoli.
Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, esperam que a ofensiva conduza a uma rápida vitória, mais de seis meses depois do início dos protestos populares contra Kadafi no contexto da "Primavera Árabe" que já derrubou os presidentes egípcio Hosni Mubarak e tunisiano Ben Ali.
Em Benghazi, dezenas de moradores de habitantes tomaram as ruas da "capital" dos rebeldes no leste da Líbia para celebrar o fim próximo do regime.
Apesar do sucesso aparente dos rebeldes, o porta-voz do regime, Mussa Ibrahim, afirmou que "o regime continua sendo forte e milhares de voluntários e soldados estão prontos para a batalha". De acordo com ele, 1.300 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Trípoli, mas não foi possível confirmar o balanço.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) confirmou que Seif al-Islam, o filho de Kadafi que viveu e estudo em Londres, foi detido. Segundo a imprensa, outro filho, Mohamed Kadafi, estaria encurralado dentro de casa.
A 'Operação Sirene', iniciada sábado, acontece em coordenação entre o CNT e os soldados rebeldes, segundo o porta-voz dos insurgentes, Ahmed Jibril, que também mencionou a participação da Otan.
Os rebeldes procedentes do oeste da Líbia entraram à noite em Trípoli, assim como insurgentes procedentes do mar de Misrata, 200 km ao leste da capital.
Mahmud Jibril, um dos líderes do CNT, pediu aos combatentes que não atuem com vingança em Trípoli e destacou a existência de "focos de resistência" das tropas de Kadafi.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, conversou com Mahmud Jibril e disse que o líder rebelde visitará Paris na quarta-feira, além de ter condenado os pedidos "irresponsáveis e desesperados" de Kadafi a favor da continuidade dos combates.
Após seis meses de combate, a Otan considerou no domingo que o fim do regime está próximo.
O primeiro-ministro britânico David Cameron afirmou nesta segunda-feira que o regime líbio de Muammar Kadafi está em "plena retirada" e deve abandonar qualquer esperança de permanecer no poder.
Em Washington, o presidente americano, Barack Obama, disse nesta segunda que o regime de "punho de ferro" de Muammar Kadafi chegou ao seu "momento decisivo" e que o "tirano" líbio deve partir agora para evitar um banho de sangue.
O subsecretário de Estado americano para temas do Oriente Médio, Jeffrey Feltman, afirmou que os rebeldes líbios venciam claramente e deixavam o regime de Kadafi perto da queda.
A China anunciou que respeita a decisão do povo líbio e espera que a estabilidade retorne rapidamente à Líbia.
A África do Sul negou ter enviado aviões à Líbia para facilitar uma saída de Kadafi.
O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, se declarou nesta segunda-feira "totalmente solidário" com o governo rebelde na Líbia.
O Egito reconheceu o órgão político dos rebeldes líbios como governo legítimo da Líbia.
O presidente venezuelano Hugo Chávez, estreito aliado de Kadafi, criticou no domingo os governos da Europa e Estados Unidos que segundo ele "estão demolindo Trípoli com suas bombas".