Raul Castro (E) e Ban Ki-moon: governantes devem assinar declaração com mais de 80 pontos, com temas que vão desde à luta contra a pobreza ao desarmamento (Orlando Barria/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de janeiro de 2014 às 12h26.
Havana - A II cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), presidida pelo chefe de Estado cubano, Raúl Castro, foi inaugurada nesta terça-feira em Havana, na presença da grande maioria dos governantes das regiões.
O encontro regional deverá refletir o apoio da América Latina em relação à Cuba, e servirá para que os presidente de Peru e Chile se encontrem pela primeira vez depois da decisão de um conflito sobre territórios marítimos.
"Hoje Cuba é a capital de nossa América", declarou o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, ao chegar no país na segunda-feira. O grupo conta com os 33 países da América Latina e Caribe, excluindo o Canadá e os Estados Unidos.
Após a cerimônia de inauguração, haverá uma nova plenária pública à tarde e, à noite, os presidente irão ao Palácio da Revolução para tirar a foto oficial do evento e participar de um jantar de gala.
Os governantes devem assinar nesta quarta-feira uma declaração com mais de 80 pontos, com temas que vão desde à luta contra a pobreza ao desarmamento.
Analistas consideram que a cúpula significa um forte sinal aos Estados Unidos de que a região, de 600 milhões de habitantes, não aceita mais o isolamento de Cuba, ainda que isso não vai levar a uma mudança da política norte-americana, remanescente da Guerra Fria.
"Há anos as democracias da América Latina vem pedindo o fim do embargo. Há anos que os Estados Unidos ignoram esse pedido", declarou à AFP o cientista político Patricio Navia, da Universidade de Nova York.
Na quarta-feira, no encerramento do encontro, Cuba vai entregar à Costa Rica a presidência rotativa da Celac, que exerceu durante o último ano e representou o máximo reconhecimento diplomático que a ilha recebeu da região em 50 anos.
A cúpula também será o primeiro encontro entre os presidentes do Peru, Ollanta Humala, e do Chile, Sebastián Piñera, depois da decisão histórica do Tribunal Internacional de Haia, nesta segunda, sobre os limites marítimos dos países, em favor de Lima.
Por causa do julgamento, os dois foram os últimos líderes a confirmar presença no evento.
Humala chega nesta terça para assitir a cúpula desde o início, enquanto Piñera chega na quarta, acompanhada da presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet, que assume no dia 11 de março.
A maioria dos chefes de Estado chegou no país entre domingo e segunda, entre eles o presidente uruguaio, José Mujica, que pretende mediar a negociação de paz da Colômia, cujas negociações acontecem há 14 meses na ilha.
Também chegou o presidente paraguaio, Horacio Cartes, marcando o retorno de seu país ao bloco, de onde tinha sido suspenso em 2012.
A presidente Dilma Rousseff aproveitou sua presença e se reuniu com o líder cubano Fidel Castro na segunda-feira, quando mantiveram um "diálogo ameno" sobre os investimentos brasileiros na ilha e temas internacionais, informou o jornal oficial Granma.
O Granma publicou uma foto do encontro, na qual uma Dilma sorridente segura o braço do líder cubano, que veste um casaco esportivo.
Todos os 33 países participam da II Cúpula da Celac, mas não todos com seus presidentes. É a primeira reunião do grupo depois da morte de seu principal incentivador, o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.