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Raoni pede ajuda à ONU contra infraestruturas na Amazônia

"Só peço que os brancos respeitem os indígenas como os indígenas respeitam os brancos", disse o cacique

O cacique brasileiro Raoni fala com jornalistas em Paris: "Nunca nos consultaram e afetará diretamente em nosso habitat e em nossa maneira de viver", disse Raoni (©AFP / Fred Dufour)

O cacique brasileiro Raoni fala com jornalistas em Paris: "Nunca nos consultaram e afetará diretamente em nosso habitat e em nossa maneira de viver", disse Raoni (©AFP / Fred Dufour)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2012 às 16h26.

Última atualização em 15 de outubro de 2019 às 18h39.

Genebra - O líder histórico dos indígenas da Amazônia, Raoni Metuktire, solicitou nesta segunda-feira que as Nações Unidas e a comunidade internacional pressionem o governo de Dilma Roussef para que revise os projetos de desenvolvimento industrial na Floresta Amazônica e que, sobretudo, preserve os direitos dos povos autóctones.

Conhecido internacionalmente em 1989, quando fez uma viagem mundial junto ao cantor britânico Sting para fazer um alertar sobre a exploração da Amazônia, Raoni, que tem 82 anos, voltou à Europa para pedir de novo que o mundo não abandone sua terra e nem seu povo.

"Só peço que os brancos respeitem os indígenas como os indígenas respeitam os brancos. E nos respeitar significa respeitar nossas terras ancestrais", assinalou o cacique em entrevista coletiva em Genebra, horas antes de se reunir com a Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay.

Para Raoni e seu povo, os Caiapós, o governo "não está defendendo os indígenas", algo que, segundo eles, se concretiza com "o enfraquecimento da Funai (Fundação Nacional do Índio), a aprovação de projetos de infraestrutura no centro da Amazônia sem seu consentimento e não respeitar as terras ancestrais".

Conscientes de sua vulnerabilidade e dos poderosos interesses de grandes agricultores, os indígenas anunciaram que, como medida concreta e para "defender suas famílias e os lugares onde estão enterrados os antepassados", construirão um povo em uma zona que pertence a eles por história, mas que não está sinalizado como tal e, para isso, solicitaram ajuda e financiamento internacional

A área está situada no estado do Mato Grosso, e embora seja considerada terra ancestral indígena, nunca foi estabelecida pelo governo e por isso, vários grupos de criadores de gado estão desflorestando para que o gado paste.

Raoni e seus acompanhantes, o cacique caiapó Megaron Txucarramae e o futuro cacique caiapó Bemoro Metuktire, pediram também ao governo que reconsidere a aprovação da construção das usinas hidroelétricas de Belo Monte e Teles Pires.

"Nunca nos consultaram e afetará diretamente em nosso habitat e em nossa maneira de viver", disse Raoni.

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