Jorge Quiroga: "enquanto o Brasil continuar tolerando os abusos do governo de Nicolás Maduro, vai ser impossível haver mudanças na Venezuela" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2015 às 16h48.
Rio de Janeiro - O ex-presidente da Bolívia Jorge Quiroga criticou nesta quinta-feira o "estrondoso silêncio" do Brasil sobre as "violações" à democracia que o governo da Venezuela comete, durante uma conferência do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), no Rio de Janeiro.
"Enquanto o Brasil continuar tolerando os abusos do governo de Nicolás Maduro, vai ser impossível haver mudanças na Venezuela", disse Quiroga.
Segundo o ex-presidente boliviano, o Brasil, na qualidade de "irmão mais velho, deveria tomar atitudes" e deu como exemplo a "rapidíssima" expulsão do Paraguai do Mercado Comum do Sul (Mercosul) em 2012, motivada pela polêmica destituição do então presidente Fernando Lugo em um veloz julgamento parlamentar.
"As cláusulas democráticas só têm isenções para os países do Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América)", disse Quiroga durante o discurso no debate da Assembleia Anual do Ceal.
Ele voltou a defender a necessidade de o governo venezuelano aceitar a presença de observadores internacionais no pleito legislativo de 6 de dezembro a fim de "minimizar os abusos". Além disso, afirmou que a Venezuela não cumpre com os requisitos fundamentais para qualquer democracia: realizar eleições justas, livres e transparentes; ter instituições independentes, "Prensa Libre" e oposição; e que os governantes façam "as malas na data estabelecida".
"Têm governos que, influenciados pela Venezuela, mudaram as regras para permanecer no poder eternamente, violaram as liberdades, passaram por cima de direitos e causaram um enorme dano", disse Quiroga sem citar um país em particular.
Em seu discurso, o ex-presidente da Bolívia também criticou a deportação de colombianos realizada pela Venezuela no marco do conflito na fronteira com o país vizinho, o que qualificou de "políticas xenófobas e racistas com fins eleitorais".