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Quero saber onde meu irmão está, diz parente de manifestante detido no Peru

"O celular dele está desligado, quero saber se está comendo. Ele veio participar da passeata pacífica", afirmou a irmã de um dos presos

Protestos no Peru: ao menos 193 foram detidos (ERNESTO BENAVIDES/AFP)

Protestos no Peru: ao menos 193 foram detidos (ERNESTO BENAVIDES/AFP)

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AFP

Publicado em 23 de janeiro de 2023 às 06h30.

"Quero saber onde meu irmão está", exigia neste domingo Domitila Quispe em frente à Direção contra o Terrorismo (Dircote) de Lima, aonde compareceu para descobrir o paradeiro de seu familiar, um dos 193 detidos na véspera na Universidade de San Marcos, onde dormiam manifestantes que vieram de zonas andinas para protestar contra o governo peruano.

As famílias não têm notícias sobre seus entes desde ontem, quando a polícia entrou na universidade derrubando o portão com um blindado. "Não dormi. Quero saber onde está meu irmão, que me enviou uma mensagem no WhatsApp dizendo que havia sido detido", disse à AFP Domitila Quispe (47), que viajou de Huancavelica a Lima com seu irmão Silvério (40) para participar das manifestações que pedem a renúncia da presidente Dina Boluarte.

"O celular dele está desligado, quero saber se está comendo. Ele veio participar da passeata pacífica", afirmou Domitila, que segurava uma sacola com papel higiênico e biscoitos para entregar ao irmão preso.

Com sopa, pão, água e ítens de higiene, cerca de 30 familiares e amigos dos 193 detidos concentravam-se em frente às sedes da Dircote e da Direção Nacional de Investigação Criminal (Dirincri), que estavam fortemente protegidas por dezenas de policiais. Também compareceram ao local representantes da Coordenadoria de Direitos Humanos, a fim de verificar a situação dos manifestantes detidos.

Preocupação com os presos

"Viemos a Lima para fazer com que nossos direitos sejam respeitados. Estou lutando pelos meus irmãos de Juliaca, Azángaro e Ayaviri que estão detidos. A polícia não nos deixa entrar para averiguar", criticou Héctor Apaza, procedente da região de Puno. "Graças a Deus sai da universidade, estou são e salvo", disse esse camponês de 51 anos, que vestia roupa preta em sinal de luto pelos 46 mortos desde o início dos protestos no Peru.

O governo do país alega que as passeatas são promovidas por movimentos e grupos sociais radicais de esquerda que mobilizaram camponeses indígenas.

"Viemos para que nos ouçam, e não para sermos chamados de tantas coisas", disse Bianett Monroy, 35, que veio com o marido da cidade de Juliaca. "Estamos preocupados, ela está incomunicável, não sabemos nada sobre ela", criticou Bianett em frente à Dirincri, referindo-se à amiga Rosa Condori (32), para quem trouxe o café da manhã.

Julia Quispe, 73, que escapou de ser presa na universidade, pediu a libertação dos três amigos com os quais viajou para a capital desde a região de Ayacucho. "Peço a libertação dos três companheiros. Viemos juntos, ficaremos aqui até eles serem soltos", disse Julia em frente à Dircote, para onde levou potes de plástico contendo sopa.

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