Mulher é assistida por agentes ao ver corpo de familiar morto em ataque a universidade: A violência também tem prejudicado a economia (REUTERS/Thomas Mukoya)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2015 às 11h42.
Nairóbi - A Força Aérea queniana destruiu dois acampamentos do Al Shabaab na Somália, informaram os militares nesta segunda-feira, na primeira resposta militar importante depois que o grupo militante matou estudantes de uma universidade do Quênia na semana passada.
O Al Shabaab negou que os acampamentos tenham sido atingidos, e disse que as bombas caíram em terras agrícolas.
Homens armados do grupo alinhado com a rede Al Qaeda mataram 148 pessoas na quinta-feira, quando invadiram o campus da Universidade de Garissa, situada a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Somália.
Jatos atacaram no domingo os acampamentos na região de Gedo, do outro lado da fronteira, disse o porta-voz das Forças de Defesa do Quênia, David Obonyo.
"Nossas imagens aéreas mostram que os acampamentos foram completamente destruídos", disse ele, embora as nuvens dificultem uma estimativa do número de mortos.
De acordo com Obonyo, a missão era parte dos esforços para impedir que combatentes desses acampamentos do Al Shabaab desfechem ataques no Quênia.
O grupo militante já matou mais de 400 pessoas em solo queniano nos últimos dois anos, incluindo 67 durante um cerco ao shopping Westgate, em Nairóbi, em 2013, aumentando a pressão política sobre o presidente Uhuru Kenyatta, que se intensificou com as mortes da semana passada.
O país tem procurado deter o fluxo de militantes e armas ao longo dos 700 quilômetros de sua fronteira com a Somália.
A violência também tem prejudicado a economia, já que afasta turistas e investidores.
Mas o xeique Abdiasis Abu Musab, porta-voz de operações militares do Al Shabaab, disse à Reuters que nenhum de seus acampamentos foi atingido no ataque de domingo, e que os aviões de combate tinham alvejado terras agrícolas.
"O Quênia não atacou nenhum alvo em nenhuma de nossas bases", afirmou.
É difícil chegar à região rural de Gedo, na Somália, por isso os relatos sobre o ataque não puderam ser verificadas de forma independente.
Um dos quatro homens armados no ataque a Garissa era o filho de um funcionário do governo queniano no Conselho de Mandera, que faz fronteira com Gedo.
Abdirahim Abdullahi, de etnia somali, foi dado como desaparecido por seu pai depois que cruzou para a Somália para se juntar ao Al Shabaab.
Kenyatta disse no sábado que os planejadores e financiadores de ataques islamistas estavam "profundamente enraizados" na sociedade queniana e instou a comunidade muçulmana a fazer mais para acabar com a radicalização.
Na capital, Nairóbi, onde a mídia local se mostra cada vez mais crítica ao governo e definiu como “desordenada” a resposta ao ataque a Garissa, dezenas de famílias enlutadas ainda estão tentando identificar os corpos no necrotério da cidade.
"(Os serviços de segurança) esperaram muito tempo e os terroristas tiveram muito tempo para matar nossos filhos", disse Isaac Mutisya, cuja filha Risper Mutindi Kasyoka, de 23 anos, está entre os mortos.