Trump: por alguma razão, as três mulheres comentaram com seus amigos o que havia ocorrido, mas nenhuma apresentou denúncias à polícia (Eric Thayer / Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 18h51.
Donald Trump está envolvido em um novo escândalo, com várias mulheres acusando o magnata de assédio sexual, denúncias que o comitê de campanha do republicano classificou de "assassinato à reputação" de seu candidato.
O jornal New York Times informou sobre dois casos e o jornal Palm Beach Post sobre um terceiro na quarta-feira, com mulheres que dizem ter sido vítimas de investidas e agressões de cunho sexual por parte de Trump.
Os casos colocam mais lenha na fogueira no escândalo que se arrasta desde a última sexta-feira, quando foi divulgada uma gravação de 2005 - feita sem seu consentimento - na qual Trump se gabava de usar sua condição de celebridade para abusar das mulheres.
"Quando você é uma estrela, pode fazer o quer quiser", Trump afirma durante a conversa.
Na noite de domingo, durante um debate com Hillary Clinton, pediu desculpas pelo episódio e garantiu que, apesar de ter confirmado a veracidade da conversa gravada, ele nunca havia assediado sexualmente mulheres.
"Parecia um polvo"
De acordo com o jornal New York Times, Jessica Leeds, que agora tem 74 anos, afirmou que há quase três décadas, durante um voo, Trump se aproveitou de sua proximidade nos assentos para tocá-la, a ponto de ela ter precisado sair da parte posterior do avião e pedir ajuda a uma aeromoça.
"Trump parecia um polvo. Suas mãos estavam por toda parte", lembrou.
Já Rachel Crooks, atualmente com 33 anos, relatou que em 2005, ao se encontrar com Trump em um de seus edifícios de negócios em Nova York, o agora candidato presidencial, ao se apresentar, começou a beijá-la no rosto e depois a beijou na boca.
"Foi muito inapropriado. Eu me senti péssima por ele ter pensado que eu era tão insignificante a ponto de poder fazer isso", disse.
O jornal afirmou que Leeds e Crooks comentaram seus respectivos incidentes com amigos e parentes logo depois do ocorrido, e que todas estas pessoas confirmaram seus testemunhos.
Por sua vez, Mindy McGillivray, que agora tem 36 anos, disse ao jornal Palm Beach Post que em 2003 Trump começou a tocá-la quando ambos se encontraram por acaso em um resort onde ela trabalhava como assistente de um fotógrafo profissional.
"Tocou nas minhas nádegas", disse McGillivray. "Fiquei chocada e dei um pulo", acrescentou.
Por alguma razão, as três mulheres comentaram com seus amigos o que havia ocorrido, mas nenhuma apresentou denúncias à polícia.
Ficção
Em uma nota oficial, o chefe de comunicação da campanha de Trump, Jason Miller, disse que as denúncias do New York Times - jornal com quem mantém uma relação tensa - eram uma peça de ficção.
Também considerou perigoso que o New York Times "lance uma campanha completamente falsa e coordenada de assassinato à reputação contra o senhor Trump em um tema como esse".
A publicação das denúncias, acrescentou Miller, marca um novo "poço para onde a imprensa está disposta a descer em seus esforços para determinar" a eleição presidencial de 8 de novembro.
Pouco depois, a diretora de comunicação do comitê de campanha de Hillary Clinton, Jennifer Palmieri, emitiu uma nota onde apontou que as denúncias se encaixam na imagem de Trump.
"Lamentavelmente esta história perturbadora se encaixa com tudo o que sabemos sobre a forma como Donald Trump tratou as mulheres. Estas informações sugerem que (Trump) mentiu no debate e que o comportamento asqueroso do qual se gabava na gravação eram mais que apenas palavras", disse.
O escândalo que explodiu na sexta-feira levou a uma virtual ruptura entre Trump e o Partido Republicano, cujos líderes já tinham uma relação tensa desde que o polêmico milionário venceu a eleição interna e se tornou candidato.
Em um ato público na quarta-feira na Flórida, Trump disse que Hillary Clinton era "trapaceira", mas acrescentou que "a imprensa deste país é ainda mais trapaceira".
Em seu discurso, Trump insistiu que Hillary "deve ir à prisão" por colocar a segurança nacional em risco devido ao uso de um servidor privado de e-mails quando era Secretária de Estado.
Enquanto isso, Hillary fez na quarta-feira campanha nos estados de Colorado e Nevada, e nos escassos contatos que manteve com a imprensa evitou cuidadosamente responder às consultas sobre as denúncias publicadas no New York Times.
Durante um de seus discursos, Hillary afirmou que os "Estados Unidos são melhores que aqueles que Donald Trump diz e representa".