( ATTA KENARE/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 28 de setembro de 2024 às 13h09.
Última atualização em 28 de setembro de 2024 às 13h21.
O falecido líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, considerado o homem mais poderoso do Líbano, vivia escondido desde a última guerra entre Israel e o movimento islamista em 2006. Mas, na sexta-feira, 27, o exército israelense o localizou, resultando na sua morte em um bombardeio.
O Hezbollah confirmou neste sábado a morte de seu secretário-geral em um ataque israelense contra o subúrbio sul de Beirute, reduto do movimento pró-Irã.
Nasrallah, assassinado aos 64 anos, fez poucas aparições públicas desde a guerra entre seu movimento e o Exército israelense em meados de 2006. O local de sua residência sempre foi mantido em segredo.
Apesar da clandestinidade, o líder da influente milícia xiita recebia visitantes, incluindo líderes de grupos palestinos aliados do Hezbollah, que publicaram fotos dos encontros.
Os jornalistas e personalidades que o encontraram afirmaram que foram levados pelo Hezbollah em veículos de segurança e com medidas de segurança reforçadas para um local difícil de identificar.
Nasrallah discursava com frequência, e seus pronunciamentos, transmitidos ao vivo, eram acompanhados com atenção no Líbano, onde era considerado o homem mais poderoso do país. À frente do Hezbollah, ele decidia sobre guerra ou paz.
Para os seguidores xiitas, ele era objeto de um grande culto de personalidade, mas sua influência também se estendia às esferas políticas. Sua morte pode ter consequências para toda a região.
Nasrallah liderava o Hezbollah desde 1992, quando sucedeu Abbas Musawi, morto por Israel. Sob sua liderança, o Hezbollah se tornou a força política mais poderosa do Líbano, com assento no Parlamento e no governo, além de dispor de um arsenal militar significativo, com 100 mil combatentes e mísseis de alta precisão.
Dos pagers à guerra total? Como conflito entre Israel e Hezbollah escalou em poucos diasO Hezbollah é o único grupo que manteve suas armas após o fim da guerra civil libanesa (1975-1990), alegando ser necessário para a "resistência contra Israel", cujo Exército se retirou do país em 2000, após 22 anos de ocupação.
O conflito de 2006 com Israel, que durou 33 dias, consolidou a imagem de Nasrallah como líder, após a morte de seu filho mais velho, Hadi, em combate. Ao final da guerra, ele proclamou uma "vitória divina" e se tornou um herói no mundo árabe.
No entanto, no Líbano, Nasrallah enfrentou críticas, especialmente após o Hezbollah ser acusado de envolvimento no assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri em 2005. Ele também foi criticado quando homens armados do Hezbollah assumiram brevemente o controle de Beirute em 2008.
Em 2013, Nasrallah anunciou a intervenção militar do Hezbollah na Síria para apoiar o regime de Bashar al-Assad na guerra civil. Ele desfrutava da confiança total dos líderes iranianos e formou uma aliança estratégica com Teerã, apoiando grupos como os rebeldes huthis no Iêmen e o Hamas na Palestina.
O Hezbollah, sob sua liderança, se tornou a "joia da coroa" dos aliados do Irã na região, compondo o chamado "eixo da resistência".
Hassan Nasrallah nasceu em 31 de agosto de 1960, em uma família modesta de nove filhos, no antigo "cinturão de miséria" que cercava Beirute. Ele estudou teologia em Najaf, no Iraque, mas foi forçado a retornar ao Líbano durante a repressão xiita de Saddam Hussein.
Ao retornar, ele se juntou ao movimento xiita Amal, mas deixou o grupo durante a invasão israelense de 1982 para integrar o núcleo fundador do Hezbollah, com apoio da Guarda Revolucionária Iraniana.
Casado e pai de cinco filhos, ele falava farsi fluentemente.