Meninos presos em caverna na Tailândia: treinador que os acompanha ensinou técnicas de meditação para manter o grupo fortalecido (Thai Navy Seal/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 9 de julho de 2018 às 10h07.
Última atualização em 9 de julho de 2018 às 10h21.
São Paulo – O drama dos meninos presos em um complexo de cavernas na Tailândia continuava nesta semana, enquanto equipes de resgate prosseguem com o duro trabalho para conseguir retirar sãos e salvos os 12 jovens e o adulto que os acompanhava. Aos poucos, mergulhadores estão conseguindo resgatá-los com vida.
Entre os que permanecem no bolsão da caverna, está Ekapol Chanthawong, treinador assistente do time de futebol do qual os garotos fazem parte e que estava com o grupo de no último dia 23, quando o passeio se tornou um pesadelo.
Desde que a notícia do desaparecimento do grupo veio à tona, Ekapol, o único adulto entre jovens de 11 a 16 anos, se tornou o centro das atenções: enquanto muitos o enxergam como um guardião espiritual, essencial para a proteção dos meninos, outros questionam a razão de terem entrado no complexo, já que uma placa na entrada alertava para os perigos, especialmente inundações.
Exatamente o que acabou por acontecer, o que fez com que ficassem isolados em um bolsão depois que a água da chuva tomou conta do local.
Naquele dia 23, o treinador da equipe tinha um compromisso e havia pedido que ele levasse o grupo de meninos para um campo de futebol numa região conhecida por suas cavernas e cachoeiras chamada Doi Nang-Non, fronteira da Tailândia com Mianmar. Pediu, ainda, que fosse acompanhado de meninos mais velhos. Ninguém imaginava o que estaria por vir.
Ex-monge e órfão aos 10 anos de idade, Ekapol deixou a ordem religiosa para cuidar da avó doente e trabalhava como assistente do time, chamado “Javalis Selvagens”, já há alguns anos. Ajudou o técnico a implementar uma estratégia que unisse o gosto pelo esporte dos meninos com desempenho escolar.
De acordo com o treinador, o jovem adulto tem uma ótima relação com os meninos, de famílias pobres e muitos de minorias étnicas apátridas, e faria de tudo para mantê-los em segurança. Um amigo de Ekapol, em entrevista ao jornal americano The Washington Post, disse que ele amava essas crianças mais que a si.
O carinho por Ek, seu apelido, vai além dos meninos e chega aos pais. Um deles, contou a publicação, se perguntou o que poderia ter acontecido com os meninos, se ele não estivesse junto do grupo. “Quando saírem, precisamos curar o seu coração”, continuou o familiar, “eu jamais o culparia”, notou.
Agora, é o que está em piores condições de saúde já que, segundo diversos veículos de imprensa, renunciou água e comida em prol dos meninos. Nos últimos dias, relataram pessoas envolvidas no resgate, Ekapol ensinou meditação e técnicas de conservação de energia para os meninos, numa tentativa de mantê-los psicologicamente fortes até que pudessem deixar o local em segurança.
Logo depois de encontrado, o grupo enviou cartas para familiares e amigos, trazidas à superfície pelos mergulhadores que auxiliam no resgate. A de Ekapol era curta: “Prometo cuidar ao máximo destes meninos”, escreveu ele. “Quero agradecer por todo o apoio e pedir desculpas. ”