Redação Exame
Publicado em 2 de junho de 2024 às 15h50.
Última atualização em 2 de junho de 2024 às 15h55.
Apadrinhada pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador, a política Claudia Sheinbaum, de 61 anos, deve se tornar a primeira mulher presidente do México neste domingo, 2. Ela está lidera as pesquisas eleitorais com mais de 50% das intenções de voto contra Xóchitl Gálvez, senadora e empresária de raízes indígenas, que aprece como segunda colocada com pouco mais de 30%.
Em eleição histórica que deve colocar a primeira mulher na presidência mexicana, mais de 99 milhões de eleitores vão às urnas eleger, além do novo presidente, 128 senadores ou senadoras, 500 deputados federais e mais 20 mil cargos em eleições locais, para prefeituras e câmaras de vereadores.
Ex-prefeita da Cidade do México, Claudia é pesquisadora científica nas áreas de energia, meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Ela ainda trabalhou no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), tendo sido também secretária do meio ambiente durante o governo de López Obrador na prefeitura da Cidade do México, ainda no ano 2000. Na campanha eleitoral foi chamada de dama de gelo por sua adversária.
Confira, a seguir, os principais pontos de sua trajetória acadêmica e política:
Tanto na sua militância estudantil nos anos 1980, como em seu primeiro cargo público como secretária do Meio Ambiente da Cidade do México (2000-2006), mostrava seriedade e foco. Para vê-la sorrindo ou se divertindo, é necessário recorrer às fotos ou aos filmes antigos da família.
Na campanha, porém, Sheinbaum apareceu sorridente que distribuiu beijos e abraços entre os apoiadores.
"Nem ela nem eu éramos de socializar com todo mundo", diz Guillermo Robles, que foi seu colega no mestrado de engenharia energética da Unam em 1987.
Depois Sheinbaum fez um doutorado em engenharia ambiental na Unam, para o qual pesquisou durante quatro anos nos Estados Unidos, e fez parte do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que ganhou um Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Com convicções de esquerda, a jovem de ascendência judia se tornou militante do Conselho Estudantil Universitário (CEU), coletivo que freou uma tentativa de privatização da universidade pública e foi terreno fértil para nomes do atual governo de Andrés Manuel López Obrador, seu padrinho político.
Embora Sheinbaum "não fosse das principais" líderes, seu comprometimento não diminuiu, mesmo estando grávida de sua filha, Mariana, hoje com 36 anos.
Essa convicção tem veia familiar. Sua mãe, Annie Pardo, renomada bióloga, foi expulsa como professora universitária por denunciar o massacre de estudantes de 1968 na praça Tlatelolco.
Presença e discrição são as marcas da atuação de Sheinbaum, cujos avós chegaram ao México vindos da Bulgária e Lituânia fugindo da Segunda Guerra Mundial.
Como prefeita de um distrito da Cidade do México, enfrentou o desmoronamento de um colégio durante o terremoto de 2017 que matou 26 pessoas, incluindo 19 crianças. Metodicamente, insistiu que as irregularidades encontradas na construção não eram culpa da prefeitura. Ela também gerenciou com destreza um dos momentos mais difíceis como prefeita da capital (2018-2023): a pandemia e a queda de uma linha do metrô.
O uso de métodos científicos e ferramentas tecnológicas refletiu a marca de Sheibaum na gestão da covid, que, no entanto, deixou uma elevada mortalidade.
"Tem uma capacidade de análise impressionante, de ler dados e encontrar soluções muito práticas", comenta Tatiana Clouthier, ex-ministra da Eonomia de López Obrador, hoje sua porta-voz de campanha.
Após o colapso de uma linha de metrô que deixou 27 mortos e 80 feridos em 2021, defendeu sua equipe e optou por uma polêmica negociação com a construtora da obra - propriedade do magnata Carlos Slim - para indenizar as vítimas e evitar julgamentos.
"Governar é tomar decisões. Tem que tomar a decisão e assumir as pressões que podem ocorrer", argumenta no documentário Sheinbaum.
Durante a campanha, uma câmera a flagrou reclamando com raiva do tratamento injusto do partido enquanto ela disputava a candidatura presidencial com o ex-ministro das Relações Exteriores Marcelo Ebrard, cujos ataques também não conseguiram exasperá-la. Mas essa frieza também funcionou contra ela.
Ela nunca olhou ou chamou sua principal oponente, a centro-direitista Xóchitl Gálvez, pelo nome durante três debates nos quais Gálvez a atacou duramente.
“Você ainda é fria, sem coração, eu a chamaria de dama de gelo”, disse Gálvez a ela durante o primeiro confronto, acusando-a de não ter o “carisma” de López Obrador.
Mas a campanha também revelou uma Sheinbaum afetuosa e sorridente, formas que ela geralmente reserva para as pessoas mais próximas. Ela distribuiu beijos e abraços entre milhares de apoiadores e colocou graça e humor nos vídeos do TikTok.
Também compartilhou, em novembro de 2023, a notícia de seu novo casamento com Jesús Tarriba, seu namorado de faculdade com quem se reencontrou pelo Facebook em 2016.
(Com informações da Agência Brasil e AFP)