Jornalista russa Ksenia Sobchak; jovem de 35 anos anunciou que pretende concorrer à presidência em 2018 (Ben A. Pruchnie/Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 19 de outubro de 2017 às 16h35.
Última atualização em 19 de outubro de 2017 às 16h37.
São Paulo – Presidente da Rússia desde 2012, mas com duas passagens pelo cargo entre os anos 2000 e 2008, Vladmir Putin deve concorrer ao quarto mandato nas eleições que acontecem em março do ano que vem.
Dessa vez, no entanto, terá uma concorrente que quer ser “a candidata para aqueles que querem votar contra todos”: a jornalista e socialite Ksenia Sobchak, de 35 anos. Ksenia anunciou nesta semana a sua intenção de participar do pleito presidencial, notando que os principais candidatos “são os de sempre”.
“Decidi que a minha participação nas eleições pode ser um passo para as mudanças que o país tanto precisa”, escreveu ela em carta publicada pelo jornal russo Vedomosti. “Desde a onda de protestos de 2012, minhas ideias políticas têm se consolidado e estou disposta a declará-las e defendê-las no mais alto nível”, continuou ela.
A jovem Ksenia é uma velha conhecida do público na Rússia. É filha de Anatoli Sobchak, ex-prefeito da cidade São Petersburgo e mentor de Putin que morreu em 2000. Concluiu os estudos em uma prestigiada universidade de Moscou, se tornou apresentadora de um reality show e sempre viveu uma vida cercada de luxos e celebridades.
Na rede social Instagram, tem mais de 5 milhões de seguidores e o costume de mostrar roupas de grife e os eventos sociais dos quais participa. Acabou por receber o apelido de “Paris Hilton russa”, em comparação de seu estilo de vida com o da socialite americana e herdeira da cadeia de hotéis Hilton.
De acordo com o jornal britânico The Independent, Ksenia inicialmente não manifestava opiniões políticas. Nos idos de 2011, no entanto, passou a se identificar como ativista e a ser vista como uma voz de oposição ao governo de Putin. Repaginou sua carreira nesta mesma época e apresentou talk show de teor político em diferentes canais do país.
Perguntado no início do mês sobre a possibilidade de Ksenia disputar com ele a presidência, Putin se limitou a dizer que era a primeira vez que ouvia sobre o tema, informou o The Independent. Mas, ainda segundo o veículo, é possível que ela tenha informado o Kremlin sobre a vontade de concorrer, algo que ela nega ter acontecido.
Para especialistas, no entanto, o anúncio de Ksenia mascara uma uma jogada do Kremlin para conferir legitimidade à corrida eleitoral, como notou o The Guardian. Além disso, poderia ajudar a enfraquecer a oposição que hoje é representada pelo comunista Gennady Zyuganov, o nacionalista Vladimir Zhirinovsky e o liberal Alexei Navalny, que dificilmente conseguirá sustentar sua candidatura pelas condenações penais por protestos “não autorizados”.
Independentemente das razões da candidatura da jovem e embora ela seja a personificação do fenômeno global que é a ascensão de novatos na esfera pública, suas chances são pequenas. Uma pesquisa recente conduzida pelo Pew Research Center mostra que a confiança da população em Putin segue em alta: 87% das pessoas confia que nele na esfera internacional e 58% está satisfeita com os rumos do país.