Kadafi e Berlusconi: queda do ditador é um alívio para o primeiro-ministro italiano (Giorgio Cosulich/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2011 às 11h11.
São Paulo – A iminente queda do ditador líbio Muammar Kadafi, ex-aliado de Silvio Berlusconi, pode significar um alívio financeiro para a Itália, que já gastou mais de € 150 milhões com a guerra.
Desde o fim de março deste ano, quando o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, as operações militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) ganharam força na região.
O governo italiano tem sido um dos principais financiadores dessas operações. Dados oficiais divulgados em julho mostram que foram gastos € 142 milhões (R$ 326 milhões) no primeiro semestre e que outros € 58 milhões (R$ 133 milhões) estavam previstos para o segundo semestre. Além disso, Berlusconi disponibilizou suas bases militares na região para as operações.
Diante de sérias dificuldades fiscais – a Itália é um dos chamados Piigs (acrônimo de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) e possui dívida acumulada de 120% do PIB –, o governo italiano tinha anunciado no mês passado corte nos gastos militares e a retirada de 100 soldados até o fim de setembro.
Embora a Otan reafirme a posição de que manterá a missão até que todas as forçar leais a Kadafi sejam controladas, a Itália ganha uma enorme oportunidade de acelerar os cortes fiscais. Há duas semanas, Berlusconi anunciou um pacote com aumento de impostos e corte de gastos para cumprir as exigências do Banco Central Europeu.
O programa, aprovado por decreto emergencial, impõe medidas de austeridade que significarão a economia de € 20 bilhões de euros (R$ 46 bilhões) em 2012 e mais € 25,5 bilhões de euros (R$ 58,7 bilhões).
Durante a ditadura de Kadafi, a Itália foi o maior parceiro econômico da Líbia. O ditador líbio era sócio de várias empresas italianas e tinha até ações do time do Juventus.
A Líbia foi colônia italiana durante 32 anos (de 1911 a 1943), até que a Itália perdeu o poder para a Inglaterra e para a França, que dominaram o território líbio durante oito anos, até 1951, data da independência daquele país.
Considerando todas as missões atuais no exterior, a Itália tem quase 10 mil soldados mobilizados, dos quais 20% devem retornar ao país até o fim do ano, segundo o Ministério da Defesa.
A economia prevista neste semestre em todas as operações militares é de € 117 milhões (R$ 269 milhões), com os gastos passando de € 811 milhões (R$ 1,865 bilhão) no semestre anterior para € 694 milhões (R$ 1,596 bilhão).