Vista da Grande Mesquita, em Meca (Mohammed al-Shaikh/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2015 às 00h05.
Ao menos 107 pessoas morreram e 238 ficaram feridas nesta sexta-feria na queda de um guindaste sobre a Grande Mesquita de Meca, no oeste da Arábia Saudita, informaram as autoridades, uma tragédia que ocorre a poucos dias do início da grande peregrinagem muçulmana.
Nas redes sociais circulavam fotos que mostravam o pátio no qual caiu a parte superior do guindaste coberto de corpos ensanguentados.
O porta-voz das duas mesquitas santas (Meca e Medina), Ahmed bin Mohamed Al Mansouri, citado pela agência SPA, informou que o guindaste caiu às 17h10 locais (11h10, hora de Brasília) "devido a ventos violentos e às fortes chuvas".
Abdel Aziz Naqur, que trabalha na mesquita, disse à AFP que o guindaste caiu devido a uma tempestade.
"Se não fosse pela ponte de Al Tawaf, os feridos e os mortos teriam sido muitos mais", afirmou em referência a uma passarela que rodeia a Kaaba, que amorteceu a queda.
O governador da região, príncipe Khaled al-Faiçal, ordenou a abertura de uma investigação, a duas semanas da peregrinação anual a Meca, que reúne fiéis muçulmanos em todo o mundo.
O incidente ocorreu no dia mais movimentado, na sexta-feira, dia da oração para os muçulmanos, quando a Grande Mesquita de Meca se enche de fiéis e peregrinos.
A Grande Mesquita abriga em seu pátio a Kaaba, enorme estrutura em forma de cubo negro, na direção da qual os muçulmanos de todo o mundo devem se curvar para orar cinco vezes por dia.
Negligência
As autoridades começaram uma enorme obra pública para ampliar a área da mesquita em 400.000 m², o que permitiria acolher até 2,2 milhões de pessoas.
A mesquita estava rodeada há anos de diversos guindastes.
Um vídeo no Youtube mostrou pessoas gritando e corrento caoticamente de um lado a outro após a queda da enorme estrutura metálica.
Irfan al Alawi, co-fundador da Fundação de Investigações sobre o Patrimônio Islâmico criticou as autoridades, as quais acusou de negligentes por deixar vários guindastes sobre a mesquita.
"Não lhes importa o patrimônio, não lhes importa a saúde ou a segurança", afirmou Alawi à AFP, que considera que as reformas nos lugares sagrados apagam os traços tangíveis dos lugares pelos quais passou o profeta.
Ativistas criaram uma hashtag no Twitter para pedir aos residentes de Meca que doem sangue nos hospitais da área.
Oficialmente o hajj ou peregrinação a Meca, um dos cinco pilares do Islã, deve começar em 21 ou 22 de setembro.
A agência oficial saudita SPA informou nesta sexta-feira que 800.000 peregrinos já chegaram na cidade.
Entre eles estão muitos iranianos. Citado pela agência de notícias iraniana, o diretor da organização do hajj, Saeid Ohadi, informou que que 15 peregrinos iranianos estavam entre os feridos.
Três deles sofreram fraturas, explicou.
A parte mais antiga da mesquita é do século XVI.
O hajj não registrou quaisquer incidentes graves nos últimos anos, em comparação a épocas passadas, nas quais as multidões de peregrinos provocavam dezenas de mortos.
A Arábia Saudita tem investido bilhões de dólares em transporte e outras infraestruturas para facilitar o movimento da multidão que participa do evento.
Em janeiro de 2006, 364 peregrinos morreram pisoteados em meio ao pânico, e 251 dois anos antes nas mesmas circunstâncias.
Em julho de 1990, 1.426 peregrinos morreram, em sua maioria sufocados em um tumulto em um túnel.