Mundo

Quebra do cessar-fogo? Hamas adia próxima libertação de reféns e Israel deixa exército de prontidão

Troca por prisioneiros aconteceria no próximo sábado; grupo islamista palestino e governo israelense trocam acusações sobre violação de acordo de cessar-fogo

 Hamas suspende libertação de reféns, e Israel coloca tropas em alerta (AFP)

Hamas suspende libertação de reféns, e Israel coloca tropas em alerta (AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 15h03.

Tudo sobreHamas
Saiba mais

O braço armado do Hamas anunciou nesta segunda-feira que adiará a libertação de mais reféns israelenses, planejada para o próximo sábado, "até novo aviso", de acordo com uma declaração do porta-voz do grupo no Telegram. O grupo terrorista citou violações de Israel ao cessar-fogo como motivo para o adiamento. Israel se manifestou logo em seguida e ordenou às tropas do Exército que se "preparem para todos os cenários".

“A libertação dos prisioneiros (reféns israelenses), que estava programada para o próximo sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até novo aviso, pendente do cumprimento da ocupação e do cumprimento retroativo das obrigações das últimas semanas. Reafirmamos nosso comprometimento com os termos do acordo, desde que a ocupação os cumpra”, disse Abu Ubaida, porta-voz do braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, em uma declaração.

Ubaida também mencionou os "atrasos em permitir que os palestinos deslocados retornem ao norte de Gaza, alvejando-os com ataques aéreos e tiros em várias áreas da Faixa, e falhando em facilitar a entrada de ajuda humanitária conforme acordado".

Israel reage e coloca tropas em alerta

Em resposta, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmou que instruiu os militares do país a "se prepararem no mais alto nível de alerta para qualquer cenário possível em Gaza". Katz também descreveu o adiamento como uma "violação completa do acordo de cessar-fogo" e do pacto para libertar os reféns.

Segundo o jornal israelense Haaretz, o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas de Israel se manifestou pouco após o anúncio, afirmando que recorreu aos países mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos) para uma intervenção imediata e eficaz "que restauraria a implementação do acordo". Eles também pediram ao governo israelense que "se abstenha de ações que coloquem em risco a implementação do acordo assinado".

A mais recente troca foi realizada neste sábado, com a libertação de mais três reféns pelo Hamas — elevando o número de libertados até agora para 16 de um total de 33 pessoas sequestradas pelo grupo. Os reféns devem ser soltos em intervalos escalonados durante esta primeira fase do acordo. Em troca dos três reféns, Israel libertou 183 palestinos, sendo:

  • 18 condenados à prisão perpétua;
  • 54 condenados a penas pesadas;
  • 111 detidos em Gaza.

Acordo frágil e pressão diplomática

Após a quinta troca de reféns e prisioneiros, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou que os negociadores retornassem ao Catar para continuar as conversas sobre o cessar-fogo com o Hamas. No entanto, Netanyahu reafirmou sua promessa de "aniquilar o grupo" e libertar todos os reféns restantes no território palestino. No mesmo dia, o Hamas afirmou não querer prolongar o conflito com Israel.

Mas, ainda que Netanyahu tenha ordenado o avanço das negociações, fontes israelenses ouvidas pelo Haaretz no fim de semana disseram acreditar que o premier pretendia sabotar o acordo — e que a delegação que seguiu para o Catar no domingo não avançaria para a segunda fase da trégua.

Embora a viagem da delegação israelense tenha sido planejada para marcar o início das negociações da segunda fase do acordo, um alto oficial afirmou ao Haaretz que a equipe discutiria apenas "detalhes técnicos". Nesse cenário, outra fonte alertou que a conduta de Netanyahu poderia prejudicar até mesmo a primeira fase da trégua, prevista para durar seis semanas.

“O processo está funcionando, reféns estão sendo libertados, mas o Hamas faz isso com a expectativa de uma segunda fase. Quando o Hamas perceber que não haverá uma segunda fase, pode não completar a primeira.”

O cessar-fogo visa encerrar a guerra mais mortal e destrutiva já travada entre Israel e Hamas, após o ataque do grupo em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil mortos e 250 sequestrados, entre israelenses e estrangeiros. Desses, 157 foram resgatados na primeira trégua do conflito, em novembro de 2023, ou em operações militares posteriores. Agora, Israel acredita que cerca de um terço, ou possivelmente até metade, dos quase 90 reféns restantes estejam mortos.

Passados mais de 15 meses de guerra, entre 47 mil e 61 mil palestinos foram mortos nos bombardeios israelenses, e o território foi amplamente destruído.

Acompanhe tudo sobre:HamasIsraelConflito árabe-israelense

Mais de Mundo

Brasil, Canadá e México fornecem metade do aço importado pelos EUA

Zelensky acena a Trump com acordo por terras raras e minerais em troca de apoio na guerra

Trump diz que palestinos não teriam direito de retorno em sua proposta para Gaza

Brasil é visto como 'grande potência' por 21% das pessoas no mundo, diz estudo