Publicado em 5 de novembro de 2024 às 06h01.
Última atualização em 5 de novembro de 2024 às 16h29.
A eleição presidencial dos Estados Unidos acontece em 5 de novembro e difere bastante do processo eleitoral brasileiro. Nos EUA, o presidente não é eleito diretamente pelo número total de votos, mas por meio de delegados que representam os estados no Colégio Eleitoral. Esse sistema de delegados, aliado ao voto impresso e ao voto pelo correio, pode impactar o tempo de apuração.
Não há uma data fixa para o resultado, pois depende do ritmo de contagem em cada estado. Em 2020, por exemplo, a vitória de Joe Biden foi confirmada apenas quatro dias após a votação.
Ainda assim, a prática é que o resultado seja conhecido na noite da eleição ou na madrugada seguinte, exceto em pleitos muito disputados – como o de 2024 se projeta ser.
Nos Estados Unidos, o sistema é descentralizado, sem uma entidade federal que centralize a apuração, como ocorre com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil. Cada um dos 50 estados realiza sua própria contagem e apenas publica os resultados quando concluídos.
A espera se dá por várias razões. Os Estados Unidos utilizam voto impresso, o que atrasa a contagem. Além disso, há voto pelo correio, e alguns estados aceitam votos que sejam postados até o dia da eleição, mesmo que eles cheguem nos dias seguintes.
Para Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, será uma semana de espera prolongada antes que o resultado final seja conhecido. Segundo ele, o ritmo da apuração dos votos nos Estados Unidos varia significativamente conforme o estado, o que pode atrasar a divulgação de quem será o próximo presidente.
Moura explica que cada estado tem suas próprias regras para a contagem de votos. Em alguns deles, a apuração começa antes mesmo do dia da eleição, enquanto em outros o processo só se inicia no próprio dia 5 de novembro ou até mesmo após o fechamento das urnas.
Esse último caso é visto em alguns estados-chave como Arizona e Pensilvânia, onde só é permitido iniciar a contagem dos votos pelo correio após o término da votação presencial.
O Arizona, em especial, tem sido marcado por uma apuração demorada, principalmente no condado de Maricopa, o maior do estado. Em 2020, o estado levou dias para concluir a contagem, e Moura prevê que a situação se repita neste ano, com o resultado do Arizona esperado apenas para o sábado, 9 de novembro.
A Pensilvânia segue um padrão semelhante, e, em 2020, seu resultado só foi divulgado no final da semana. Moura acredita que, novamente, será improvável que a contagem completa seja concluída antes da sexta-feira, dia 8 de novembro.
Enquanto Arizona, Pensilvânia, Nevada e Geórgia devem levar mais tempo, há estados onde o resultado é esperado rapidamente. Wisconsin e Carolina do Norte, por exemplo, devem concluir suas apurações já na noite da terça-feira, 5 de novembro. Moura destaca que a Carolina do Norte tende a ser o primeiro desses estados a divulgar o resultado.
A distribuição dos estados que apuram rapidamente e aqueles que demoram mais pode influenciar a percepção dos eleitores na noite de terça-feira.
Moura aponta que, no início da noite, os estados que devem divulgar resultados são tradicionalmente favoráveis ao ex-presidente Donald Trump, como Flórida e estados do Sul, onde o republicano tem vantagem.
Contudo, os estados do Oeste — que tendem a apoiar o Partido Democrata — iniciam a apuração mais tarde, o que significa que a vantagem inicial pode ser temporária.
Para os eleitores norte-americanos e o público internacional, a previsão é de uma espera até o fim da semana para conhecer o resultado oficial das eleições.
"O resultado final provavelmente só estará disponível, na melhor das hipóteses, na sexta-feira", afirma Moura.
Outro fator que influencia a velocidade da apuração é o voto pelo correio, comum em estados americanos e aceito até o próprio dia da eleição.
Este modelo descentralizado faz com que a imprensa americana seja a responsável por consolidar e divulgar o resultado final, com base nos dados estaduais. Um dos mais tradicionais veículos que faz essa consolidação é a AP News.
Dessa forma, na noite de 5 de novembro já haverá resultados que tornarão possível alguma projeção, mas pleitos acirrados, em especial nos sete estados-chave (Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin) podem demandar dias para uma confirmação oficial.
A disputa deste ano envolve Kamala Harris, pelo partido Democrata, e Donald Trump, pelo partido Republicano.
Donald John Trump nasceu em 14 de junho de 1946, na cidade de Nova York. Ele era filho de um empresário do setor imobiliário, que construiu muitas casas e prédios na cidade. Ele estudou economia em Wharton e depois de formado passou a trabalhar com os negócios do pai, nos anos 1970.
Trump foi expandindo os negócios da família para outros setores, como hotéis de luxo e cassinos, e passou a colocar seu nome em negócios variados, o que o trouxe fama a partir dos anos 1980. Após problemas financeiros na década seguinte, o empresário voltou aos holofotes em meados dos anos 2000, quando fez sucesso com o reality show O Aprendiz.
Nos anos seguintes, Trump começou a fazer críticas ao então presidente Barack Obama. Com o tema, ganhou espaço em programas de TV e, com isso, acabou entrando na política. Ele foi eleito presidente dos EUA em 2016, com uma campanha baseada no combate à imigração irregular e a uma ideia de "tornar a América grande de novo".
Em seu governo, Trump adotou medidas duras contra imigrantes, que depois foram derrubadas na Justiça. Na pandemia, ele teve postura negacionista, de combate às medidas de proteção, como o isolamento social. O republicano perdeu a reeleição em 2020, para Joe Biden, mas não reconheceu o resultado e convocou seus apoiadores a lutar. Parte deles invadiu o Congresso, em 6 de janeiro de 2021, para tentar impedir a certificação do resultado.
Após deixar o cargo, Trump foi alvo de vários processos na Justiça, por temas variados, como sua participação nos atos de 6 de janeiro, desvio de documentos e fraude fiscal. Apesar disso, ele conseguiu manter o controle do partido e obter a nomeação em 2024 praticamente sem competição interna.
Nascida em 20 de outubro de 1964, em Oakland, Califórnia, Kamala é filha de imigrantes — sua mãe, Shyamala Gopalan, uma pesquisadora do câncer de mama e ativista de direitos civis de origem indiana, e seu pai, Donald Harris, um economista jamaicano — e foi criada em um ambiente que valorizava a educação e a justiça social. Assim, formou-se em Ciências Políticas e Economia pela Universidade Howard, uma das mais prestigiadas universidades historicamente negras dos EUA, e depois obteve seu diploma de Direito pela Universidade da Califórnia, Hastings.
Sua carreira começou em 1990, quando se tornou promotora no condado de Alameda, na Califórnia. Em 2003, ela foi eleita procuradora-distrital de São Francisco, onde implementou reformas progressistas no sistema judicial, como programas de reabilitação para crimes menores. Poucos anos mais tarde, em 2010, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo.
A carreira política despontou a partir de 2017, como estrela em ascensão do Partido Democrata após ser eleita senadora na Califórnia. Ela chamou a atenção ao agir de modo incisivo em audiências no Senado. Em 2020, disputou as primárias como pré-candidata a presidente, mas não venceu. Seu desempenho, no entanto, a levou a ser chamada para ser vice na chapa de Joe Biden. Os dois se elegeram naquele ano, em uma campanha contra Donald Trump.