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Quase 8 mil "sonhadores" dos EUA já perderam proteção do DACA

Trump acabou com o programa em 5 de setembro e pediu ao Congresso que procurasse uma solução legislativa em seis meses

DACA: a cada dia, 122 "sonhadores" perdem o amparo do DACA (Kevin Lamarque/Reuters)

DACA: a cada dia, 122 "sonhadores" perdem o amparo do DACA (Kevin Lamarque/Reuters)

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EFE

Publicado em 9 de novembro de 2017 às 18h33.

Washington - Quase 8 mil dos chamados "sonhadores", como são chamados os jovens imigrantes ilegais que chegaram aos Estados Unidos quando crianças, já perderam a proteção do programa de Ação Diferida para os Chegados na Infância (DACA) como resultado da decisão do presidente Donald Trump de encerrá-lo, segundo um estudo do centro de pensamento progressista Center for American Progress.

O estudo, publicado nesta quinta-feira, fala das consequências que a decisão de Trump já está tendo sobre os beneficiários do DACA, proclamado em 2012 pelo então presidente, Barack Obama, e que protegeu 800 mil jovens da deportação.

Trump acabou com o programa em 5 de setembro e pediu ao Congresso que procurasse uma solução legislativa em seis meses (antes de 5 de março de 2018), além de ter oferecido aos "sonhadores" a possibilidade de renovar a sua inscrição no DACA se sua permissão expirasse entre 5 de setembro e 5 de março de 2018, ou seja, entre a data de seu anúncio e o limite dado ao Legislativo para agir.

A data limite para renovar o DACA era 5 de outubro e, embora 154 mil jovens preenchessem os requisitos para voltar a solicitar essa permissão, 22 mil não o fizeram, segundo dados do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS, na sigla em inglês).

Desta forma, a cada dia, 122 "sonhadores" perdem o amparo do DACA, segundo o estudo, que baseia suas conclusões a partir de dados oficiais.

Segundo a ONG Center for American Progress, 851 pessoas perdem a proteção do DACA a cada semana e 7.901 "sonhadores" já tiveram sua permissão migratória expirada desde que Trump anunciou o fim do programa, que não permitia sua deportação e concedia uma permissão temporária de trabalho e uma licença para dirigir.

O Departamento de Segurança Nacional dos EUA insistiu em várias ocasiões que, embora já não tenham a proteção de DACA, os "sonhadores" não são uma prioridade para a deportação, por isso os agentes migratórios, em teoria, estão se esforçando para perseguir imigrantes com antecedentes criminais, e não os "sonhadores".

No entanto, em seu estudo, o centro menciona alguns polêmicos casos nos quais as autoridades dos EUA detiveram beneficiários do DACA.

O Center for American Progress cita como exemplo o mexicano Daniel Ramírez Medina, o primeiro "sonhador" a ser detido após a chegada de Trump à Casa Branca e a quem o governo americano acusa de ser ligado a grupos criminosos - algo que ele nega -, o que fez com que seu amparo migratório fosse rescindido.

Além da possibilidade de ser deportado, com o fim do DACA os "sonhadores" podem perder seus empregos, pois a permissão migratória outorgava uma autorização temporária para trabalhar.

Segundo o centro, se o Congresso não encontrar uma solução legislativa para os "sonhadores", 685 mil trabalhadores serão deportados, o que provocará uma perda de mais de US$ 460 bilhões para o produto interno bruto (PIB) dos EUA na próxima década.

Além disso, ao final do programa, muitos perderão acesso às suas permissões para dirigir, pois enquanto o DACA permitia aos "sonhadores" obter essas licenças em todo o país, os imigrantes ilegais só podem tirar carteira de motorista em 12 dos 50 estados dos EUA e no Distrito de Columbia.

Com o estudo, o Center for American Progress pede ao Congresso que aprove o mais rápido possível uma solução legislativa para os "sonhadores" e não espere até 5 de março de 2018, quando acaba o prazo.

Atualmente, o Legislativo está dividido em linhas partidárias, pois os democratas querem aprovar uma lei "limpa", que sirva para regularizar a situação dos "sonhadores", enquanto a maioria dos republicanos condiciona sua ajuda à aprovação de fundos para segurança fronteiriça.

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