Crianças da Libéria celebram gol em partida de futebol: os planos nacionais de contenção das emissões de gases de efeito estufa, feitos antes da conferência parisiense, não bastam para cumprir tal meta (John Moore/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2015 às 13h54.
Barcelona - Os governos que irão se reunir em Paris na semana que vem precisam acertar um novo acordo robusto para conter o aquecimento global porque devem isso às crianças do mundo todo, altamente expostas aos impactos da mudança climática, disse a agência da ONU encarregada de questões relacionadas à infância.
Quase 530 milhões de crianças vivem em áreas extremamente sujeitas a enchentes, a grande maioria na Ásia, incluindo mais de 300 milhões em países onde metade ou mais da metade da população é pobre, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em um relatório antes da cúpula climática da ONU em Paris entre 30 de novembro e 11 de dezembro.
Quase 160 milhões de crianças vivem em partes do mundo que sofrem com secas severas, mais da metade delas na África, e mais de 115 milhões estão localizadas em áreas com risco alto ou extremamente alto de ciclones tropicais, acrescentou o documento.
As nações da cúpula de Paris já prometeram tentar limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius para evitar os efeitos futuros mais prejudiciais, como eventos climáticos extremos e a elevação dos mares.
Mas os planos nacionais de contenção das emissões de gases de efeito estufa, feitos antes da conferência parisiense, não bastam para cumprir tal meta.
"Sabemos o que tem que ser feito para evitar a devastação que a mudança climática pode infligir. Não agir seria uma temeridade", disse o diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, em um comunicado.
O relatório da agência afirmou que projeções científicas mostraram que "quanto mais ambiciosa for a ação para reduzir as emissões, mas crianças serão salvas dos piores efeitos da mudança climática".
Condições climáticas severas prejudicam as crianças agravando a desnutrição e disseminando doenças que causam enorme mortalidade, como malária e diarreia, disse o documento do Unicef. A mudança climática ainda pode desencadear um círculo vicioso.
"Uma criança privada de água e saneamento adequados antes de uma crise será mais afetada por uma inundação, uma seca ou tempestade grave, terá menos probabilidade de se recuperar rapidamente e estará sob risco ainda maior quando confrontada por uma crise subsequente", acrescentou.