Cuba (Arquivo/AFP)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2013 às 16h50.
Havana - Quase 430 mil cubanos trabalham no setor privado que surgiu na ilha com as reformas econômicas do presidente Raúl Castro, segundo dados divulgados por seu governo perante a Assembleia Nacional do país, que realiza neste domingo a segunda sessão de seu primeiro plenário anual.
Marino Murillo, um dos vice-presidentes do governo e chefe da comissão para a implantação das reformas econômicas, disse que a ilha já conta com 429 mil trabalhadores não estatais, quase o triplo dos 157 mil que havia antes do plano para 'atualizar' a economia socialista do país, informou a agência oficial 'Prensa Latina'.
Murillo, considerado o 'czar' das reformas econômicas de Cuba, compareceu hoje ao Parlamento para expor a evolução desse plano de ajustes que significou, entre outras coisas, uma controlada e limitada abertura à iniciativa privada na ilha comunista.
O vice-presidente quis deixar claro que a 'atualização' cubana não significará uma mudança na estrutura da propriedade e precisou que o que está sendo transformado é a forma de tramitá-la.
'Em Cuba existe e existirá propriedade social sobre os meios essenciais de produção', enfatizou Murillo, que reiterou que o planejamento 'é o principal instrumento de direção' da economia da ilha', segundo declarações divulgadas pela TV estatal.
Admitiu, no entanto, que também deve haver espaços para o mercado pelo setor não estatal ter se ampliado. 'Se o senhor reconhecer fórmulas não estatais, isso implica em um espaço na redistribuição pela via do mercado, mas o planejamento continua sendo o método fundamental', disse.
Na 'atualização' do modelo cubano, a empresa estatal socialista continua sendo a principal forma da economia, mas precisa ser eficiente, por isso serão feitos experimentos de gestão para eliminar 'obstáculos' que reduzem a produtividade.
Por exemplo, as empresas estatais que apresentarem perdas por mais de dois anos se extinguirão, fundirão ou transformarão em outras formas de gestão.
O plano do governo para 2014 prevê medidas para que o sistema empresarial estatal se capitalize por si, de modo que essas sociedades não precisarão fornecer os fundos de amortização ao Estado, como ocorria até agora.
Murillo anunciou também perante a Assembleia Nacional (Parlamento unicameral) que Cuba reestruturará o financiamento da dívida pública para controlar a emissão de moeda.
Concretamente, 49% desse déficit serão cobertos mediante crédito bancário, e o restante ficará com a emissão primária de dinheiro.
'Isso aperfeiçoa as políticas monetárias da nação', concluiu o funcionário citado pela 'Prensa Latina'.
O presidente Raúl Castro também irá hoje ao plenário da Assembleia Nacional, que começou ontem suas sessões para analisar o desempenho da economia, entre outros assuntos.
A imprensa estrangeira credenciada em Cuba não tem acesso ao plenário parlamentar, que está previsto que se encerrará neste domingo com um discurso do general Castro.