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Quase 300 milhões de pessoas consomem drogas ilícitas no mundo, diz ONU

O relatório chama atenção para a Bacia Amazônica, que vem sofrendo com violações dos direitos humanos e devastação ambiental por causa do tráfico

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 26 de junho de 2024 às 07h14.

O fornecimento recorde de drogas e as redes de tráfico cada vez mais ágeis agravam as crises globais de todas as naturezas, desafiando os serviços de saúde e as respostas das autoridades. Foi isso que apontou o Relatório Mundial sobre Drogas 2023, lançado nesta quarta-feira, 26, pelo Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

De acordo com o estudo, 13,2 milhões de pessoas usaram alguma droga ilícita em 2021, 18% acima do estimado anteriormente. Globalmente, mais de 296 milhões de pessoas consumiram drogas em 2021, um aumento de 23% por cento em relação à década anterior. Entretanto, o número de pessoas que sofrem de perturbações relacionadas com o consumo de drogas disparou para 39,5 milhões, um aumento de 45% em 10 anos.

O relatório apresenta um capítulo especial sobre tráfico de drogas e crimes que afetam o meio ambiente na Bacia Amazônica.

Algumas populações empobrecidas e vulneráveis, como as da área da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, estão "presas" em áreas rurais com uma elevada taxa de crimes relacionados com drogas. A sua localização remota torna extremamente difícil para eles se beneficiarem de serviços de saúde ou até mesmo recursos do governo.

Economia das drogas e devastação na Amazônia

Todo o mercado das drogas vem acelerando conflitos, violações dos direitos humanos e devastação ambiental na Bacia Amazônica. Isso resultado em exploração madeireira ilegal, mineração ilegal, ocupação ilegal de terras e tráfico de animais, danificando o ambiente da maior floresta tropical do mundo.

O documento da ONU também aponta que os povos indígenas e outras minorias estão sofrendo as consequências desta convergência do crime, incluindo deslocamento, envenenamento por mercúrio e exposição à violência, entre outros. Ambientalistas também sofrem com a violência de traficantes e grupos armados.

Falta de tratamento

A procura de tratamento de doenças relacionadas com a droga continua em grande parte pouco satisfatória, de acordo com o relatório. Apenas uma em cada cinco pessoas que sofrem de perturbações relacionadas com a droga estava em tratamento devido ao consumo de drogas em 2021.

As populações jovens são as mais vulneráveis ​​ao consumo de drogas e também são mais gravemente afetadas pelos transtornos por uso de substâncias em diversas regiões. Na África, 70% das pessoas em tratamento têm menos de 35 anos.

"Estamos testemunhando um aumento contínuo no número de pessoas que sofrem de distúrbios relacionados com o consumo de drogas em todo o mundo, enquanto o tratamento não consegue chegar a todos aqueles que dele necessitam. Precisamos intensificar as respostas contra as redes de tráfico de droga que exploram conflitos e crises globais para expandir o cultivo e a produção de drogas ilícitas, especialmente de drogas sintéticas, alimentando mercados ilícitos e causando maiores danos às pessoas e comunidades", falou Ghada Waly, diretora-executiva do UNODC.

Domínio das drogas sintéticas

A produção barata, fácil e rápida de drogas sintéticas transformou radicalmente muitos mercados de drogas ilícitas. Segundo o relatório, os criminosos que produzem metanfetaminas – a droga sintética mais popular no mundo – estão conseguindo escapar de operações policiais e leis que tentam apertar o cerco contra eles. Traficantes estão tendo acesso a rotas alternativas para escoar a droga e novas bases de operação.

O fentanil, por exemplo, alterou drasticamente o mercado de opioides na América do Norte. Em 2021, a maioria das aproximadamente 90 mil mortes por overdose relacionadas com opiáceos na América do Norte envolveram fentanis fabricados ilegalmente.

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