Manifestação separatista realizada em Barcelona, governada pelo partido nacionalista catalão CiU (Lluis Gene/AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2014 às 15h58.
Barcelona - A prefeitura de Barcelona, governada pelo partido nacionalista catalão CiU, do presidente Artur Mas, calcula que 1,8 milhão de pessoas participaram de manifestação separatista realizada nesta quinta-feira.
Usando as cores amarela e vermelha da bandeira catalã, uma maré humana se deslocou pelas principais artérias da cidade formando um "V" de "votar" para exigir a realização, no dia 9 de novembro, de um referendo sobre a independência da região, o que vai de encontro aos interesses de Madri.
Mais de meio milhão de pessoas haviam se inscrito, segundo os organizadores, nesta manifestação sob o lema "vamos encher as ruas para encher as urnas".
"Nosso objetivo é votar e vencer no dia 9 de novembro e entendemos que este 11 de setembro é o ponto de viragem", explicou à AFP Carme Forcadell, presidente da Assembleia Nacional Catalã, principal entidade independentista.
Em 2012, uma imensa manifestação em Barcelona precipitou a colocação em andamento do processo de autodeterminação. Em 2013, uma corrente humana independentista de 400 quilômetros forçou o governo catalão a fixar a data da votação para o dia 9 de novembro.
O presidente catalão, Artur Mas, advertiu Madri que "é praticamente impossível impedir para sempre" a consulta na Catalunha.
"É absurdo pretender isso e acredito que o Estado espanhol deve perceber isso", declarou na quarta-feira em uma entrevista à AFP em seu gabinete no palácio de la Generalitat, sede do governo catalão.
"Se uma nação como a Escócia pode votar, por que não a Catalunha?", se perguntou Mas.
O imobilismo do governo central parece ter dado asas ao independentismo nesta região de 7,5 milhões de habitantes que gera um quinto da riqueza espanhola.
O desentendimento começou em 2010, quando o Tribunal Constitucional privou a Catalunha - que tem amplas cotas de autogoverno em educação, saúde e segurança -, de seu status de nação incluído no estatuto de autonomia regional aprovado em 2006.
Dois anos depois, a divisão se acentuou quando o governo central negou um melhor financiamento a esta região muito afetada pela crise.
Nos próximos dias, Mas espera convocar sob o amparo de uma lei regional esta consulta que constará de uma dupla pergunta: "Quer que a Catalunha seja um Estado? Quer que seja um Estado independente?".