Quando o relógio anda para trás: Inglaterra perdeu oito anos, aproximadamente, com a crise (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 10h22.
São Paulo – A crise econômica de 2008 levou as economias desenvolvidas para uma viagem no tempo, de volta para 2002, aproximadamente. Essa é a conclusão do índice Proust, elaborado pela revista Economist para medir o quanto os países mais atingidos pela crise retrocederam por causa dela.
O recorde de retrocesso foi o da Grécia. O índice mostra que o relógio da economia grega andou cerca de 12 anos para trás – e devolveu a economia do país para 1999. Ainda na zona do euro, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha perderam sete anos ou mais. A Inglaterra perdeu oito anos. Os Estados Unidos, onde o problema começou, perderam dez anos.
O “relógio” da Economist é baseado em sete indicadores, dentro de três categorias. O primeiro grupo é composto por dados de saúde doméstica e seus principais componentes e preços de imóveis e produtos financeiros. Na segunda categoria estão medidas anuais de produção e consumo. Na terceira, estão desemprego e salários. O índice final é feito com base em quanto tempo foi perdido em cada uma dessas categorias.
A rapidez com que as economias vão conseguir se recuperar da viagem ao passado também depende de qual índice foi mais prejudicado. Alguns indicadores podem mudar rapidamente, como o preço das ações. Em outros, a recuperação é mais lenta, como o índice de produção.
Índices
Levando em consideração o PIB nominal, há 14 países que retrocederam. O grupo inclui oito membros da União Europeia. A Irlanda era mais rica em 2006 e Portugal e Espanha voltaram para 2008. O PIB real per capita indica que um terço dos 187 países nos quais o FMI coleta dados estão mais pobres do que em 2007. Todos esses 61 países perderam pelo menos cinco anos.
A União Europeia se saiu bastante mal, Segundo a Economist, com 22 de seus 27 países na conta dos que perderam tempo. Do G7, somente a Alemanha não andou pra trás. O Caribe e a Europa oriental também tiveram sua fatia de países em queda. A Ásia teve uma performance bem mais forte.
A OECD publica dados do mercado de trabalho de 25 países ricos. Em dez deles os salários reais estavam, em 2010, mais baixos do que antes, com uma média de perda de quatro anos. Trabalhadores da Grécia e Hungria perderam seis anos, com pagamentos menores que no nível de 2004.
Estados Unidos
Os Estados Unidos estariam quase no ano de 2002, segundo o índice. Entre os indicadores, as ações nos Estados Unidos, por exemplo, perderam um quarto de seu valor depois do colapso do Lehman Brothers em setembro de 2008. Para a Grécia, quanto a ações, 20 anos lhe foram roubados – as ações estavam mais altas em 1992 do que agora.
O preço das casas também andou pra trás. O típico proprietário nos Estados Unidos vive em 2001, a julgar pelo valor das propriedades corrigido pela inflação. Nesse aspecto, a Inglaterra perdeu sete anos. E tempo é dinheiro: a perda, nos Estados Unidos, chega a 9,2 trilhões de dólares. Na Inglaterra, em preços atuais, a saúde financeira de proprietários está 785 bilhões de dólares menor que no pico.
Ao contrário de renda e PIB, não há razões para estatísticas sobre desemprego melhorarem a cada ano, segundo a Economist. Nos Estados Unidos, as taxas de desemprego ficaram em 8,3% da força de trabalho – o nível de 1983. A Inglaterra, está em seu pior nível em 17 anos. Na zona do euro, a disparidade entre os países é nítida. Enquanto o desemprego cai na França, ele cresce na Grécia, Irlanda e Portugal – que registram taxas que não eram vistas desde os anos 1990.
Veja, em termos econômicos, em que ano esses países estão:
País |
Ano em que o país estaria |
---|---|
Grécia | 1999 |
Islândia | 2000 |
Estados Unidos | Entre 2001 e 2002 |
Portugal | 2002 |
Letônia | 2002 |
Irlanda | 2003 |
Hungria | Entre 2003 e 2004 |
Inglaterra | Entre 2003 e 2004 |
Espanha | 2004 |
Itália | 2005 |
França | Entre 2006 e 2007 |
Alemanha | Entre 2009 e 2010 |