Emissões de gases: o nível de aproximadamente 278 ppm de CO2 concentrado na atmosfera na era pré-industrial representava um equilíbrio entre a atmosfera, os oceanos e a biosfera (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 08h06.
Genebra - A quantidade de gases do efeito estufa presente na atmosfera alcançou um novo máximo em 2014, por isso que continua o aumento incessante que alimenta a mudança climática, advertiu nesta segunda-feira o último relatório da Organização Mundial da Meteorologia (OMM).
Em 2014, a concentração atmosférica de CO2 - principal gás de efeito estufa de longa duração - alcançou 397,7 partes por milhão (ppm).
Nesse mesmo ano, no hemisfério norte, as concentrações de CO2 ultrapassaram o valor simbólico de 400 ppm na primavera (hesmifério norte), época na qual o CO2 é mais abundante.
Na primavera de 2015, a concentração atmosférica média mundial de CO2 cruzou também a barreira de 400 ppm.
O estudo também revelou a interação entre os níveis crescentes de dióxido de carbono e de vapor de água, dado que o aumento das temperaturas na superfície causado pelo CO2 provoca, por sua vez, um aumento dos níveis globais de vapor de água, o que aumenta ainda mais o efeito estufa.
Este estudo sobre os gases do efeito estufa informa sobre as concentrações atmosféricas - e não sobre as emissões - desses gases.
Entende-se por emissão a quantidade de gás que vai à atmosfera e por concentração a quantidade que fica na atmosfera depois das complexas interações que ocorrem entre a atmosfera, a biosfera, a criosfera e os oceanos.
Aproximadamente, um quarto das emissões totais de CO2 é absorvida pelo oceano e outro quarto pela biosfera, reduzindo desse modo a quantidade desse gás na atmosfera.
O nível de aproximadamente 278 ppm de CO2 concentrado na atmosfera na era pré-industrial representava um equilíbrio entre a atmosfera, os oceanos e a biosfera.
As atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, alteraram o equilíbrio natural e em 2014 a concentração média mundial de CO2 alcançou 143% da média na era pré-industrial, sendo de 397,7 ppm.
O estudo alerta que "o mais provável é que a média mundial anual supere as 400 ppm em 2016".
O metano (CH4) é o segundo gás de efeito estufa de longa duração mais importante.
O metano atmosférico alcançou um novo máximo em 2014, de aproximadamente 1.833 partes por bilhão (ppmm), por isso que agora equivale a 254% de seu nível pré-industrial.
Com relação ao óxido nitroso (N2O), sua concentração atmosférica em 2014 foi de 327,1 ppmm, o que equivale a 121% dos níveis pré-industriais.
Seu efeito no clima ao longo de um período de 100 anos é 298 vezes superior ao das mesmas emissões de dióxido de carbono.
Este gás também contribui significativamente à destruição da camada de ozônio estratosférica, que nos protege dos raios ultravioleta nocivos do Sol.
O relatório lembra que o CO2 "é uma ameaça invisível mas muito real", que traz consigo temperaturas mundiais mais altas, um maior número de fenômenos meteorológicos extremos (ondas de calor, seca, etc), a fusão do gelo, o aumento do nível do mar e o aumento da acidez dos oceanos.
Além disso, o texto alerta que as emissões atuais terão um efeito que perdurará por séculos.
"O dióxido de carbono permanece na atmosfera durante centenas de anos e no oceano ainda muito mais. As emissões passadas, presentes e futuras terão um efeito acumulativo tanto no aquecimento da Terra como na acidificação dos oceanos", conclui o texto.