As eleições previstas para 2019, foram adiantas e serão realizadas no dia 24 de junho (Alkis Konstantinidis/Reuters)
AFP
Publicado em 21 de junho de 2018 às 12h13.
Os turcos votarão no domingo em eleições presidenciais e legislativas consideradas um grande desafio eleitoral para o presidente Recep Tayyip Erdogan, que está há 15 anos no poder.
No dia 24 de junho o país saberá se Erdogan venceu a disputa presidencial no primeiro turno e se mantém a maioria, com o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), no Parlamento.
Caso nenhum candidato consiga mais de 50% dos votos no primeiro turno, o país terá o segundo turno presidencial no dia 8 de julho.
A seguir os cenários possíveis nas eleições.
Erdogan vence a eleição presidencial no primeiro turno e o AKP conserva a maioria no Parlamento.
Com este objetivo, o atual chefe de Estado decidiu convocar eleições um ano e meio antes da data prevista, para enfrentar uma oposição desorganizada.
A probabilidade deste cenário caiu consideravelmente com o agravamento da situação econômica e o novo estímulo conquistado pela oposição.
Erdogan esperava reforçar seu poder graças a uma reforma constitucional que aumenta muito as prerrogativas do presidente e cujos principais dispositivos entrarão em vigor após as eleições. Mas o presidente não tem o apoio majoritário dos eleitores turcos, consideram analistas do Center for American Progress.
A oposição obriga Erdogan a disputar o segundo turno da eleição presidencial.
Embora quase todos acreditem que Erdogan receberá o maior número de votos, existe a possibilidade de que não vença no primeiro turno.
Seu maior rival, Muharrem Ince, candidato do CHP, principal partido de oposição, fez uma campanha surpreendentemente eficaz. Com os demais candidatos, a oposição pode ter peso suficiente para provocar o segundo turno.
Vários analistas consideram que Erdogan continuaria sendo o favorito neste cenário.
Mas se o AKP perder a maioria nas legislativas, que acontecem em apenas um turno, "Erdogan chegará ao segundo turno com sua tradicional imagem de domínio e invencibilidade enormemente abalada", afirma Kemal Kirisci, da Brookings Institution.
Erdogan vence a eleição presidencial, o AKP perde o controle do Parlamento.
"O resultado mais provável hoje é uma vitória de Erdogan e um Parlamento dividido", afirma Aaron Stein, do Atlantic Council.
Este cenário deixaria a Turquia em um período de profunda incerteza, abalaria a confiança na economia do país e poderia provocar a convocação de novas eleições.
Ironicamente, a oposição se beneficia de emendas apresentadas pelo AKP, que permitiram ao CHP estabelecer aliança com três partidos para as legislativas, o que pode reforçar a presença da oposição no Parlamento.
O resultado dependerá em grande medida da capacidade do partido pró-curdo HDP, formação claramente anti-Erdogan e que disputa a eleição sozinho, de alcançar 10% dos votos, o índice necessário para entrar no Parlamento.
O AKP já perdeu a maioria absoluta uma vez, nas legislativas de junho de 2015. Erdogan convocou então rapidamente novas eleições para recuperar o controle, demonstrando que não tinha a intenção de formar uma coalizão.
Mas com a reforma constitucional aprovada em abril de 2017, se Erdogan decidir convocar novas eleições legislativas também seria obrigado a convocar eleições presidenciais, pois as duas votações devem acontecer ao mesmo tempo.
Muharrem Ince vence a eleição presidencial no segundo turno, a oposição controla o Parlamento.
Ince é nome praticamente certo para receber o segundo maior número de votos no domingo. No segundo turno poderia receber o apoio dos aliados do CHP nas legislativas e, talvez, do HDP.
Se a oposição assumir o controle do Parlamento no domingo, isto poderia ajudar Ince no segundo turno de 8 de julho.
"Se isto acontecer, uma grande mudança política provavelmente ocorrerá em várias frentes", acredita Marc Pierini, pesquisador do centro Carnegie Europe, que cita como exemplos a política econômica e as relações com o Ocidente.
A oposição vence as presidenciais, o AKP conserva a maioria no Parlamento.
Este provavelmente é o cenário mais confuso, pois o AKP não tem nenhuma experiência de coalizão e o novo presidente se mostraria, sem dúvida, muito hostil ao partido que domina o cenário político turco desde 2002.
"Um presidente da oposição laica enfrentará uma maioria islamita e nacionalista no Parlamento, o que provocará uma situação confusa", afirma Pierini.