A proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na Ucrânia, em meio à escalada do conflito, tem sido vista com ceticismo por Moscou, que considera a ideia uma “armadilha”, segundo fontes russas ouvidas pela Reuters. De acordo com essas pessoas, o Kremlin não aceitará um cessar-fogo sem garantias de que seus avanços no campo de batalha sejam reconhecidos e que suas preocupações sejam atendidas.
A Rússia controla atualmente cerca de um quinto do território ucraniano, equivalente a 113.000 km², que foram conquistados desde o início da guerra, em 2022. Naquele ano, a Rússia invadiu a Ucrânia e tenta, desde então, tomar o controle do país vizinho.
Para Moscou, aceitar um cessar-fogo sem um acordo mais amplo seria um risco, já que isso poderia enfraquecer sua posição e ser interpretado como uma falha diante do Ocidente.
Fontes no Kremlin afirmam que a proposta dos EUA de um cessar-fogo soa como uma tentativa de forçar uma pausa na guerra, sem oferecer os termos que Moscou considera essenciais para um acordo duradouro. De acordo com uma das fontes, que preferiu manter anonimato, a Rússia dificilmente concordará com a medida sem garantias de que sua posição atual nos territórios seja preservada. "Putin tem uma posição forte, porque a Rússia está avançando", afirmou a fonte à Reuters.
O presidente russo, Vladimir Putin, tem reiterado sua postura contra um cessar-fogo de curto prazo, como forma de evitar um "reagrupamento" das forças ucranianas ou uma reconfiguração do conflito. Em declarações anteriores, ele afirmou que qualquer solução precisa ser uma paz de longo prazo, com garantias de segurança para a Rússia e seus cidadãos.
Oficialmente o governo russo afirmou, nesta quarta-feira, 12, que está "estudando cuidadosamente" os termos do acordo alcançado por delegações americanas e ucranianas durante uma reunião na Arábia Saudita.
Momento delicado para a Ucrânia
O debate sobre a proposta de cessar-fogo surge em um momento delicado para o governo de Kiev, que tem enfrentado dificuldades com seu principal parceiro militar, os Estados Unidos. A nova gestão, de Donald Trump, tem se aproximado da Rússia e ameaçado retirar ajuda militar e financeira da Ucrânia. Sem essa ajuda, o país não tem como se manter na guerra.
A Ucrânia aceitou uma trégua de 30 dias na terça, 11, mas o cessar-fogo ainda depende de aval da Rússia. Outro ponto em debate é a criação de uma força internacional para permanecer na Ucrânia e evitar que os russos voltem a atacar o país no futuro, algo a que Moscou se opõe.
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