A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em encontro dos Brics (BRICS/SCO Photohost/RIA Novosti)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2015 às 16h14.
Ufa - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu nesta quarta-feira os líderes dos países dos Brics na cidade de Ufa, ao sul dos montes Urais, para a 7ª cúpula do grupo, que pretende reforçar a estratégia de cooperação entre os países emergentes em meio a um delicado momento econômico mundial.
A capital da república russa de Bashkiria, a 1.200 quilômetros de Moscou, teve um incessante fluxo de chegadas de líderes internacionais pela primeira vez na história desta remota cidade, pouco conhecida no exterior.
Além dos líderes de Brasil, China, Índia e África do Sul - que formam com a Rússia os Brics -, também chegaram dirigentes do bloco regional político, econômico e de segurança da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), também presidida agora pela Rússia e que terá sua própria cúpula a partir de sexta-feira.
Isolado pelo Ocidente por seu papel na crise da Ucrânia, Putin teve logo após sua chegada a Ufa - e antes de oferecer um jantar informal que abriu a cúpula dos Brics - a uma particular maratona de encontros bilaterais com seus convidados.
"Estamos cientes das dificuldades que devemos enfrentar na economia e na política internacional, mas unindo nossos esforços poderemos superar todos os problemas e tarefas que temos pela frente", disse Putin ao presidente da China, Xi Jinping.
O presidente chinês participará da cúpula dos Brics e da SCO, integrada ainda por Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China informou que Putin e Xi "fizeram acordos para ampliar a cooperação bilateral nos setores de economia, investimentos, aviação, exploração espacial e outros".
Putin também se reuniu com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e anunciou o início formal do procedimento de adesão do país à SCO, que atualmente tem status de observador.
Além disso, teve um encontro com o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e com os líderes de vários países ex-soviéticos, e encerrará esse longo dia quando se reunir, depois do jantar com os líderes, com a presidente Dilma Rousseff.
Também é esperado em Ufa o presidente do Irã, Hassan Rohani, com quem Putin conversará sobre as negociações para um acordo do programa nuclear iraniano, entre outros temas.
O Irã tem status de observador na SCO, mas Moscou deixou claro que sua adesão plena ao bloco - já solicitada - só poderá acontecer quando houver um acordo nuclear com as grandes potências e as sanções contra a República Islâmica forem suspensas.
O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, disse aos jornalistas que o chefe do Kremlin não discutiu a crise grega ou a situação da Ucrânia em seus encontros bilaterais, mas que estes assuntos serão abordados na cúpula dos Brics.
Um dos principais objetivos da reunião é pôr em funcionamento o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Fundo de Reserva, cada um com capital de US$ 100 bilhões, uma arquitetura financeira que quer ser alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
No entanto, o bloco dos cinco emergentes, que abrange 42% da população mundial, 26% do território e 27% do PIB do planeta, já não está na mesma situação da primeira cúpula, em 2009, em plena crise financeira internacional.
O rápido crescimento dos Brics parou, a Rússia vive uma recessão por causa da queda dos preços do petróleo e em parte pelas sanções internacionais pelo conflito ucraniano, e o Brasil terá crescimento negativo este ano.
A Índia deve realizar, segundo analistas políticos, profundas reformas econômicas para estimular o crescimento e a China continua a crescer, mas em um ritmo muito menor do que o de antes da crise.
Já a África do Sul, que se uniu ao grupo por razões geopolíticas, não é de fato uma economia emergente.
Mas Putin deixou claro, às vésperas do encontro, pretender que o grupo exerça maior protagonismo também político, com uma coordenação cada vez mais estreita entre os cinco membros nos assuntos internacionais.
Os observadores consideram que, em maior ou menor medida, os cinco Brics estão unidos pelo desejo comum de resistir à hegemonia dos Estados Unidos na arena internacional, e a Rússia anseia que esta nova arquitetura financeira dos Brics ajudar países em dificuldades, como a Grécia.