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Putin prioriza relação com EUA

Presidente russo afirma que relações com Washington são mais importantes do que disputas envolvendo atividades dos serviços secretos

O americano Edward Snowden no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou: "advertimos Snowden que qualquer atividade dele que possa prejudicar a relação Rússia-EUA é inaceitável", disse presidente russo, Vladimir Putin (Tanya Lokshina/AFP)

O americano Edward Snowden no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou: "advertimos Snowden que qualquer atividade dele que possa prejudicar a relação Rússia-EUA é inaceitável", disse presidente russo, Vladimir Putin (Tanya Lokshina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2013 às 12h26.

Moscou - As relações com Washington são mais importantes do que as disputas envolvendo as atividades dos serviços secretos, afirmou nesta quarta-feira o presidente russo, Vladimir Putin, em referência ao caso do ex-consultor americano foragido Edward Snowden, que pediu asilo a Moscou.

Putin tentou acalmar os ânimos na questão, enquanto um dos advogados de Snowden afirmou que o americano não descarta a possibilidade de solicitar a nacionalidade russa.

"Na minha opinião, as relações entre os Estados são muito mais importantes que as disputas sobre as atividades dos serviços secretos", declarou o presidente russo.

"Advertimos Snowden que qualquer atividade dele que possa prejudicar a relação Rússia-EUA é inaceitável", disse.

O ex-consultor de inteligência, bloqueado há mais de três semanas em um aeroporto de Moscou, solicitou na terça-feira asilo provisório à Rússia, um passo prévio para obter refúgio em um país da América Latina.

"Mas ele não descarta a possibilidade de pedir a nacionalidade russa", declarou à imprensa o advogado Anatoly Kucherena, que na terça-feira ajudou Snowden a solicitar o asilo temporário.

"Ele me disse: "Não tenho intenção de deixar a Rússia"", completou o advogado.


Kucherena explicou também que o jovem foragido, que fez um pedido oficial de asilo provisório à Rússia na terça-feira, pode sair em breve da zona de trânsito do aeroporto de Moscou-Sheremetivo, onde está bloqueado desde que chegou de Hong Kong em 23 de junho.

O porta-voz do presidente russo, Dmitri Peskov, destacou que o pedido não precisa da aprovação do Kremlin, o que seria necessário no caso de asilo político.

"No caso de um asilo temporário, isto não envolve o presidente, e sim o serviço federal de imigração", afirmou.

Moscou espera que o caso não prejudique o "desenvolvimento positivo das relações da Rússia com os Estados Unidos", completou.

O Kremlin, incomodado com a situação, mantém reservas no caso Snowden.

O técnico de informática americano, acusado de espionagem por Washington depois de ter revelado dados sobre o sistema de vigilância eletrônica dos Estados Unidos em todo o mundo, pediu asilo à Rússia há duas semanas.

Mas retirou a solicitação depois que o presidente Putin impôs como condição o fim das revelações sobre o programa de espionagem americano.

Pouco depois do anúncio do pedido de asilo temporário, Washington reiterou a demanda para que Snowden seja expulso aos Estados Unidos, onde é acusado de espionagem pelas revelações sobre as operações de vigilância eletrônica americanas no exterior.


"Nossa posição é que Snowden deveria ser expulso e enviado aos Estados Unidos, e que não deveria ser autorizado a viajar ao exterior, exceto para retornar aos Estados Unidos", declarou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Mas Putin defendeu o direito de Moscou de realizar uma política "independente".

"Temos nossos próprios objetivos no desenvolvimento das relações com os Estados Unidos. Somos um país independente, com uma política externa independente", destacou Putin.

Questionado sobre a diferença entre a atividade contra os Estados Unidos e a defesa dos direitos humanos, o presidente russo disse que não queria entrar em detalhes.

"A defesa dos direitos humanos apresenta certos riscos para aqueles que os defendem. Se tal atividade acontece sob os auspícios dos Estados Unidos é uma atividade bastante cômoda. Se alguém critica os Estados Unidos, se torna muito mais complicada ", comentou o presidente russo.

"O caso do avião do presidente boliviano é um exemplo", disse.

No início de julho, o avião do presidente boliviano Evo Morales fez um pouso forçado em Viena depois da recusa inicial de países como Espanha, França e Portugal de permitir o sobrevoo de seus territórios. A motivação foi a suspeita de que Snowden estaria a bordo.

"Tenho a impressão de que Edward Snowden jamais fixou como objetivo ficar indefinidamente na Rússia", afirmou Putin.

"A verdade é que não entendo muito bem como decidiu publicar as revelações, como pensa em leva sua vida, mas é o destino dele, sua decisão", concluiu.

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