Agência de notícias
Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 09h15.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 09h22.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou na segunda-feira que está disposto a oferecer aos EUA acordos lucrativos para a exploração de minerais e terras raras no país, incluindo em regiões anexadas por Moscou que pertencem à Ucrânia. A menção de Putin vem em um momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona Kiev para que aceite ceder a exploração de seus recursos naturais a empresas americanas como compensação pela ajuda militar enviada nos últimos três anos — que autoridades ucranianas disseram estar perto de ser fechado.
"Enquanto aos novos territórios [as regiões ucranianas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporijia], é a mesma coisa. Nós estamos prontos para atrair parceiros internacionais para os ditos 'novos', os nossos territórios históricos, que retornaram à Federação Russa", disse Putin, ao afirmar que estava aberto a empresas americanas atuando no setor de recursos naturais no país.
A manifestação de Putin, ao final de uma reunião do gabinete russo sobre recursos naturais, ocorre em um momento de aproximação entre Washington e Moscou, o que aumenta a pressão sobre a Ucrânia. Trump, que chamou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ditador na semana passada, tenta arrancar um acordo em que Kiev se comprometa a garantir a empresas americanas o direito de exploração de 50% das reservas de terras raras do país — minerais críticos para a produção de uma série de produtos industriais.
Zelensky rejeitou o acordo ao menos duas vezes nas últimas semanas, afirmando que corresponderia a "vender o país". Contudo, em uma publicação na rede social X ainda na segunda-feira, a vice-primeira-ministra para a integração europeia e euro-atlântica da Ucrânia, Olga Stefanishyna, afirmou que os termos estariam "quase finalizados" após novas rodadas de negociação.
"As equipes ucraniana e norte-americana estão nos estágios finais das negociações sobre o acordo de minerais. As negociações foram muito construtivas, com quase todos os detalhes principais finalizados. Estamos comprometidos em concluir isso rapidamente para prosseguir com sua assinatura", escreveu, sem detalhar os termos.
Em sua aparição pública na segunda, Putin minimizou o acordo que Washington busca com Kiev neste momento, afirmando que a Rússia detém reservas de metais e terras raras em uma ordem de grandeza superior à Ucrânia. Em uma fala que analistas disseram parecer apelar para os interesses econômicos de Trump, Putin citou também a exploração de alumínio na Sibéria, em uma colaboração que afirmou que poderia suprir a demanda americana pelo metal.
Retomando o assunto na terça-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos jornalistas que a proposta abria "perspectivas bastante amplas", acrescentando que os EUA precisavam de minerais de terras raras e a Rússia tinha "muitos deles".
A fala pública de Putin foi apenas mais um sinal do alinhamento entre os interesses do Kremlin e da Casa Branca. O líder russo elogiou publicamente Trump e projetos anunciados pelo governo americano, que promoveu uma mudança radical em sua política em relação à Ucrânia.
Sinal dessa mudança ficou evidente em votações na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, com os dois países se alinhando em manifestações sobre a guerra na Ucrânia. Primeiro, os EUA se opuseram a uma resolução na AG elaborada pela Europa, que condenava as ações de Moscou e apoiava a integridade territorial da Ucrânia. Posteriormente, propôs uma resolução no Conselho de Segurança da ONU pedindo o fim do conflito, mas sem nenhuma crítica à Rússia.
Analistas apontam que a entrevista na segunda-feira mostram que Putin parece ter menos pressa do que Trump para acabar com a guerra na Ucrânia. A Rússia continua a ganhar terreno lentamente no campo de batalha, enquanto a Ucrânia luta com a escassez de pessoal e a incerteza sobre o futuro do apoio americano.