Putin: o presidente russo acusa os Estados Unidos de estarem por trás do vazamento de milhões de documentos da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca (Alexey Nikolsky / Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2016 às 11h07.
O presidente russo Vladimir Putin rejeitou nesta quinta-feira que existam "elementos de corrupção" entre as pessoas de seu círculo mais próximo citadas nos "Panama Papers", que revelam o nome das personalidades em todo o mundo que têm sociedades em paraísos fiscais.
"Que elementos de corrupção? Não há nenhum", afirmou Putin.
O presidente russo acusa os Estados Unidos de estarem por trás do vazamento de milhões de documentos da firma de advocacia panamenha Mossack Fonseca.
Segundo os documentos, o violoncelista Sergei Rolduguin, amigo e padrinho de uma das filhas de Putin, está no centro de uma rede de empresas de fachada de formada por pessoas próximas ao presidente russo, conforme revelou o jornal independente Novaia Gazeta.
Citando os 11,5 milhões de documentos divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), o Novaia Gazeta afirma ter descoberto as disposições financeiras que permitiram que pessoas próximas ao presidente russo escondessem até 2 bilhões de dólares em paraísos fiscais.
Amigo de infância de Vladimir Putin, Sergei Rolduguin, de 64 anos, violoncelista no teatro Mariinsky, aparece como o testa de ferro nesta rede de empresas de fachada operadas pelo escritório panamenho Mossack Fonseca, de onde os documentos foram vazados.
Serguei Rolduguin é apontado como proprietário das empresas Sonnette Overseas Inc. (SOI) e International Media Overseas (IMO), que adquiriram importantes setores da economia russa através de outras empresas offshore, em uma estrutura semelhante à de um jogo de bonecas russas, segundo Novaia Gazeta.
Como Serguei Rolduguin, a maioria dos russos envolvidos na trama são amigos de Putin.
Rolduguin conheceu o presidente russo em 1977 e, "desde então, nunca nos separamos", segundo relatou em uma biografia de Vladimir Putin publicada em 2000.
No dia seguinte à revelação dos documentos, o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, acusou ex-agentes da CIA e do Departamento de Estado americano de estar por trás do vazamento dos "Panama Papers" e acrescentou que "o principal alvo destes ataques é nosso país, nosso presidente".