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Putin prega "paz e entendimento mútuo" na abertura da Copa do Mundo

Durante discurso na abertura da Copa do Mundo, o presidente russo falou que o futebol une as pessoas, apesar das diferentes tradições

A cerimônia de abertura da Copa do Mundo aconteceu no estádio Luzhniki em Moscou (Christian Hartmann/Reuters)

A cerimônia de abertura da Copa do Mundo aconteceu no estádio Luzhniki em Moscou (Christian Hartmann/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de junho de 2018 às 12h22.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 12h54.

Moscou - Nanicos do futebol são usados por Vladimir Putin, presidente da Rússia, para tentar mostrar ao mundo que seu governo não está isolado. Numa abertura da Copa do Mundo marcada por uma mistura de cultura pop mundial e tradição russa, nesta quinta-feira, em Moscou, o Kremlin tinha como objetivo mostrar, numa dimensão internacional, que os embargos internacionais não funcionaram.

Mas, apesar de o convite ter sido enviado a países de todo o mundo, foram ao evento apenas os chefes de governo de países inexpressivos. Os únicos ocidentais presentes foram os presidentes do Paraguai, Panamá e da Bolívia, Evo Morales. Em sua grande maioria, os convidados que aceitaram ir até Moscou eram todos do ex-bloco soviético.

Estavam no estádio Luzhniki - que também sediará a final da Copa - os presidentes do Azerbaijão, Armênia, Bielo-Rússia, Casaquistão, Quirguistão, Moldávia, Tajiquistão e Usbequistão. Governos que não são reconhecidos de forma ampla como Abkhazia e Ossétia do Sul também mandaram seus "presidentes". A festa com Putin ainda contou com Ruanda e Líbano.

Mas era o príncipe da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman Al Saud, o principal convidado. Ao ver o primeiro gol russo contra seu time, o príncipe saudita sorriu e lhe apertou a mão, numa imagem que a TV oficial fez questão de mostrar ao mundo. Da Coreia do Norte também estava Kim Yong-nam, presidente do Parlamento, órgão sem qualquer poder.

O Kremlin esperava que o presidente brasileiro, Michel Temer, também estivesse na abertura. Mas o governo enviou apenas o ministro do Esporte, Leandro Cruz.

Para a imprensa local, o vice-primeiro-ministro, Vitaly Mutko, considerou que a presença das autoridades estrangeiras era uma "prova que a tentativa de boicote não funcionou". Governos europeus não enviaram seus representantes para o evento, alegando que não dariam a oportunidade para que Putin usasse a Copa para se promover, em meio a uma tensão internacional.

"Isso mostra como políticos estão distantes da realidade", afirmou Mutko, apontado como o responsável por organizar o esquema de doping de estado dos atletas russos.

Num discurso para um estádio lotado, Putin insistiu em passar uma imagem diferente de seu país, acusado no Ocidente por crimes de guerra na Síria, por anexações ilegais de território e até envenenamento de ex-espiões.

Para ele, a Rússia é um "país aberto e amistoso". Putin, vivendo sob quatro anos de embargos internacionais, desejou que o torneio seja usado para "criar novos amigos e compartilhar valores", numa mensagem interpretada como um recado político.

"O futebol nos une, apesar das diferentes tradições", insistiu, enquanto 80 mil pessoas permaneciam em silêncio para ouvir o presidente que está há 18 anos no poder. "Ele nos ajuda a entender uns aos outros", afirmou, desejando que a Copa use a "promover a paz e entendimento mútuo".

A Fifa teve uma recepção bastante diferente do que ocorreu no Brasil. Se em 2014 ela era vaiada, o presidente da entidade, Gianni Infantino, foi ovacionado ao pegar o microfone e ensaiar algumas palavras em russo. "Obrigado, presidente Putin", disse, aliviado.

Nos jornais locais, o clima era de apoio total ao presidente russo. "A Rússia está no centro de campo", disse o Rossiyskaya Gazeta. "A principal vitória já foi conquistada", dizia o periódico, destacando as obras concluídas, a operação de segurança e a modernização dos estádios.

 

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