O presidente da Rússia, Vladimir Putin: homenagem feita na televisão, rádio e jornais leais a Putin, com base no Decreto 279, demonstra a importância da mídia no estímulo do sentimento patriótico sobre a Ucrânia (Mikhail Klimetyev/RIA Novosti/Kremlin/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 11h58.
Moscou - Quatro semanas depois de a Rússia anexar a Crimeia com grande alarde, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto em homenagem a mais de 300 jornalistas por sua "cobertura objetiva" sobre a ocupação da região da Ucrânia.
A homenagem feita na televisão, rádio e jornais leais a Putin, com base no Decreto 279, demonstra a importância da mídia no estímulo do sentimento patriótico sobre a Ucrânia. No entanto, o segredo inicial em torno do decreto sugere que Putin quer distanciar-se do poderoso instrumento de política do Kremlin de ataque à mídia.
No diário oficial, havia uma lacuna entre os decretos 278 e o 280. Não havia informações sobre o decreto 279 até que um jornal russo informou seu conteúdo na segunda-feira, duas semanas após o evento, mostrando o quão sensível o uso de propaganda se tornou no impasse entre Oriente-Ocidente sobre a Ucrânia.
Uma fonte do Kremlin confirmou a assinatura do decreto por Putin no dia 22 de abril dizendo apenas: "Foi para uso interno, e não para uso público".
Para um observador externo, a guerra da propaganda parece ter atingido tamanha dimensão que é praticamente impossível para os russos ou ucranianos descobrirem o que realmente está acontecendo com base na mídia local.
Muitos eventos são vistos através de uma névoa de desinformação ou apenas confusão, uma condição que beneficia Putin, segundo seus críticos, que apontam a tentativa do presidente russo de minar as autoridades ucranianas, retratando-as como incapazes de controlar o país.
A veracidade dos acontecimentos é cada vez mais difícil de ser checada. A imprensa russa nega participar de uma campanha de propaganda e acusa jornalistas ocidentais de preconceito, uma acusação que encontrou terreno fértil no leste da Ucrânia, onde alguns jornalistas já foram feitos reféns ou agredidos.