Mundo

Putin e Poroshenko viajam para negociar com mediação da UE

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, se reunirão pela primeira vez em quase 3 meses com mediação da União Europeia


	Presidente russo Vladimir Putin: encontro será amanhã em Minsk
 (Reuters/Alexei Druzhinin/RIA Novosti/Kremlin)

Presidente russo Vladimir Putin: encontro será amanhã em Minsk (Reuters/Alexei Druzhinin/RIA Novosti/Kremlin)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 14h50.

Kiev - Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, se reunirão nesta terça-feira em Minsk pela primeira vez em quase três meses com a presença de representantes da União Europeia (UE), mas poucos esperam o fim das hostilidades no leste ucraniano.

"Há muito que falar. A crise ucraniana, a terrível situação humanitária no leste do país e a necessidade de um cessar-fogo", adiantou nesta segunda-feira Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.

O esperado encontro entre os presidentes acontecerá dentro da reunião entre a UE e a União Aduaneira, que é integrada por Rússia, Belarus e Cazaquistão, na qual serão tratados tanto o conflito ucraniano como a segurança energética, o que mais preocupa Bruxelas.

No entanto, todos os olhares estarão nos presidentes de Rússia e Ucrânia, que se sentaram na mesma mesa em uma única ocasião, durante as comemorações do 70º aniversário do desembarque da Normandia, que ocorreram no início de junho.

A reunião na capital bielorrussa acontecerá em um ambiente de extrema desconfiança, já que Ucrânia e Ocidente acusam a Rússia de fornecer armamento aos rebeldes do leste ucraniano, enquanto Moscou acusa Kiev de massacrar a minoria russa.

Por enquanto, ainda não se sabe se haverá um tête-à-tête entre Putin e Poroshenko, que na Normandia se reuniram na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande.

Tanto o Kremlin como o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não descartaram hoje tal encontro, mas matizaram que esperam que o mesmo se concentre na crise humanitária no leste da Ucrânia.

Lavrov destacou que Moscou reconhece Poroshenko como o presidente legítimo da Ucrânia e que pediu que o mesmo utilizasse seu poder "para conter a guerra e não para instigar o conflito".

"Estamos dispostos - e o presidente (Vladimir) Putin disse isso - a participar de qualquer formato que traga resultados e que sirva para avançar do confronto armado, da guerra civil na Ucrânia, para o diálogo nacional", assinalou.

Por outro lado, Poroshenko garantiu que "a Ucrânia quer a paz", mas não "em detrimento da soberania, da integridade territorial e da independência da Ucrânia".

Transgredindo os desejos do Kremlin, o governo de Kiev não parece disposto a suspender a ofensiva contra os redutos rebeldes de Donetsk e Lugansk, e se propõe a vencer a guerra no campo de batalha, e para isso anunciou o rearmamento de seu Exército.

Para os analistas, Putin insistirá em Minsk na necessidade de um cessar-fogo, no fornecimento de ajuda humanitária e na abertura de um diálogo entre Kiev e o leste da Ucrânia.

Em relação a esse assunto, Lavrov anunciou que Moscou planeja enviar um segundo comboio com ajuda humanitária ao leste da Ucrânia e, ao contrário do que ocorreu com o que cruzou a fronteira na semana passada, espera contar com o consentimento de Kiev.

"Ontem enviamos uma nota oficial ao Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia informando sobre o propósito de preparar um segundo comboio humanitário. Estamos convencidos de que é preciso fazer isso no decorrer desta semana", disse.

A entrada na última sexta-feira de 262 caminhões russos em um setor controlado pelos separatistas foi considerada por Kiev como uma violação do direito internacional, enquanto Putin justificou a ação devido aos muitos impedimentos impostos por Kiev.

A chanceler alemã, Angela Merkel, que apoiou no sábado em Kiev a integridade territorial da Ucrânia, mas descartou sua entrada na Otan, deu hoje um banho de água fria nos mais otimistas ao negar que a reunião de Minsk represente um "avanço" para a solução do conflito.

Contudo, acrescentou, "não haverá uma solução militar para o conflito. Por isso, as conversas políticas são absolutamente necessárias".

Merkel insistiu na necessidade urgente de uma solução pacífica para o conflito armado, para o que considerou imprescindível um cessar-fogo e o controle sobre a fronteira, porta de entrada de armas e mercenários russos.

A UE, que pensa apresentar a Moscou argumentos positivos sobre a associação entre o bloco e a Ucrânia, estará representada em Minsk pela chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton e pelos comissários de Comércio, Karel De Gucht, e Energia, Günther Oettinger.

Enquanto isso, os combates continuam nas regiões de Donetsk e Lugansk. Nesta última, a capital vem sofrendo há 20 dias com a falta de água, luz e combustível, mas os milicianos pró-russos continuam mantendo suas posições.

Kiev denunciou hoje que um destacamento de blindados russos cruzou a fronteira rumo à cidade litorânea de Mariupol, onde teria se envolvido em combates com as forças governamentais, o que foi negado categoricamente pelos insurgentes.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEuropaRússiaUcrâniaUnião Europeia

Mais de Mundo

O mercado chinês com 75 mil lojas que vende de tudo - até sua decoração de Natal

Trump pede que Suprema Corte pause até a posse presidencial lei que pode proibir TikTok

Dilma e Orsi discutem possível entrada do Uruguai no Banco dos Brics

Musk x MAGA: Entenda o racha entre aliados de Trump sobre visto para imigrantes qualificados