Putin e Poroshenko: próxima reunião deles em Milão é um sinal encorajador para Moscou, Kiev e para o Ocidente (Sergei Bondarenko/Presidência do Cazaquistão/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2014 às 11h37.
Moscou/Kiev - Uma longa disputa sobre abastecimento de gás natural estará na agenda quando os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Poroshenko, se reunirem na Itália no fim desta semana, disse o Kremlin.
Um comunicado do Kremlin emitido na noite de terça-feira disse que os presidentes da Ucrânia e da Rússia haviam conversado por telefone e discutiram medidas para restaurar a paz no leste da Ucrânia.
A próxima reunião deles em Milão é um sinal encorajador para Moscou, Kiev e para o Ocidente, em vista de um embate sobre a decisão da Rússia de cortar o abastecimento para a Ucrânia por causa da crescente dívida.
A Ucrânia enfrenta uma possível falta de energia neste inverno se nenhum acordo for alcançado, o que pode levar também à interrupção do abastecimento de gás para a Europa - o que aconteceu em 2006 e 2009.
A Europa recebe um terço de sua demanda de gás da Rússia, e metade disso vem de gasodutos que passam pela Ucrânia. Os líderes russo e ucraniano continuarão suas discussões nos bastidores de uma cúpula entre líderes europeus e asiáticos na qual ambos estarão, em Milão, dias 16 e 17 de outubro.
O presidente da Ucrânia disse nesta quarta-feira que “todo o mundo tem altas expectativas” desse encontro frente a frente. Segundo declarou um alto assessor do Kremlin nesta quarta-feira, Putin e Poroshenko poderiam se encontrar na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande, na sexta-feira, e ele não descartou a possibilidade de os dois líderes pós-soviéticos conversarem depois separadamente.
Yuri Ushakov disse que Putin também realizará uma reunião a sós com Merkel em 16 de outubro ao chegar em Milão, antes do encontro com a Ucrânia. A produtora russa de gás natural Gazprom GAZP.MM cortou o fornecimento para a Ucrânia em junho, após Kiev não ter pago dívidas que, segundo a Rússia, agora somam mais de 5 bilhões de dólares.
Os esforços para se chegar a um acordo foram complicados pelo conflito no leste da Ucrânia. O país e aliados ocidentais acusam a Rússia de fornecer ajuda a separatistas, algo que Moscou nega.
O conflito causou o maior impasse nas relações de Moscou com o Ocidente desde a Guerra Fria, e os EUA e a União Europeia impuseram sanções sobre a Rússia por conta da crise. (Por Vladimir Soldatkin, Pavel Polityuk e Richard Balmforth em Kiev)