Putin e Erdogan, em encontro na Turquia: os dois líderes disseram estar preocupados com o conflito entre o Irã e os Estados Unidos (Umit Bektas/Reuters)
EFE
Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 14h22.
ISTAMBUL - Os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e da Rússia, Vladimir Putin, manifestaram nesta quarta-feira a sua preocupação pela crescente tensão entre os Estados Unidos e o Irã, horas depois de um ataque a mísseis a uma base usada pelos americanos no Iraque.
"Estamos profundamente preocupados com a escalada da tensão entre os Estados Unidos e o Irã", disseram os dois chefes de governo em uma declaração conjunta após uma reunião em Istambul.
Ambos os líderes afirmaram que o assassinato do general iraniano Qasim Soleimani pelos EUA mina a segurança e a estabilidade na região.
Durante a inauguração de um gasoduto que fornecerá gás russo à Turquia, feita nesta quarta, Erdogan e Putin realizaram uma reunião bilateral para discutir a situação no Irã, na Síria e na Líbia.
Ambos os líderes criticaram a escalada de tensão entre Washington e Teerã, que culminou com um ataque iraniano numa base militar americana no Iraque em resposta ao assassinato de Soleimani, ocorrido na última sexta nos arredores do aeroporto de Bagdá.
"A troca de ataques e o uso da força por qualquer parte não contribuem para encontrar soluções. Ao contrário, isso levaria a um novo ciclo de instabilidade e eventualmente prejudicaria os interesses de todos", alertaram.
A declaração conjunta também expressa o compromisso dos dois países de reduzir as tensões existentes na região, como Erdogan expressou durante o seu discurso em Istambul com Putin.
"Ninguém tem o direito de atear fogo à região. Não deixaremos que, como um país que fala a todos os lados, nossa região se afogue em sangue e lágrimas. Vamos trabalhar com a Rússia nisso", destacou o presidente turco.
O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Çavusoglu, deve viajar amanhã para Bagdá para trabalhar no alívio das tensões entre o Irã e os EUA.
Ambos os presidentes também emitiram um comunicado para falar sobre a Líbia, que vive uma guerra civil em que apoiam lados diferentes. Os dois pediram um cessar fogo que deverá entrar em vigor a partir de domingo.
"Decidimos tomar a iniciativa e, como intermediários, apelamos a todos os lados na Líbia para que terminem os combates à 0h do dia 12 de janeiro, para declarar um cessar-fogo sustentável, com as medidas necessárias para estabilizar a situação no terreno e normalizar a vida cotidiana em Trípoli e outras cidades", diz a nota conjunta.