Putin: "Como decidiram que as autoridades russas, inclusive eu, demos alguma permissão para isto?" (Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin/Reuters)
AFP
Publicado em 10 de março de 2018 às 16h32.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou nesta sexta-feira, em entrevista ao canal NBC, que ucranianos, tártaros ou "judeus" podem ter interferido nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, mas não o Kremlin.
"Como decidiram que as autoridades russas, inclusive eu, demos alguma permissão para isto?" - questionou Putin na entrevista, acrescentando que "não se importa" se cidadãos russos interferiram em tais eleições.
O procurador-especial americano Robert Mueller lidera uma investigação sobre um possível conluio entre o pessoal da campanha de Donald Trump e Moscou para influenciar na eleição presidencial de 2016.
No mês passado, Mueller acusou formalmente 13 russos de estar por trás de uma operação apoiada pelo Kremlin para divulgar informação falsa e interferir na eleição através das redes sociais. Três empresas russas também foram acusadas.
"E se foram mesmo russos?! Há 146 milhões de russos e isto não me importa. Não poderia me importar menos. Não representam os interesses do Estado russo" - disse Putin sobre a possível ingerência nas eleições.
"Talvez sequer sejam russos, mas ucranianos, tártaros ou judeus, mas com cidadania russa (...), ou talvez têm dupla cidadania ou um visto de trabalho e os Estados Unidos lhes pagou por isto".
"Fomos nós que impusemos sanções aos Estados Unidos?! São os Estados Unidos que nos impõem sanções", acrescentou.
Apesar da acusação de Mueller, Putin insiste em que não há nenhuma prova por enquanto de que a suposta ingerência russa tenha infringido alguma lei.
"Aqui na Rússia não podemos processar ninguém que não tenha violado a lei russa (...). Que ao menos nos enviem um papel, um documento, façam um pedido oficial. Aí veremos isto", sugeriu.
"De verdade alguém acredita que a Rússia, a milhares de quilômetros, influenciou o resultado das eleições? Você não acha que isso é ridículo?", perguntou o presidente russo.
Segundo Mueller, a estratégia russa começou em 2014, a princípio com um esforço para desacreditar o sistema político americano. Mas em meados de 2016, o plano a cargo de Yevgeny Prigozhin, um homem ligado a Putin, passou a se concentrar no ataque à imagem da democrata Hillary Clinton para auxiliar Trump.