"Além de perseguir interesses políticos, estas sanções servem como uma forma de eliminar concorrentes", disse Vladimir Putin na Assembleia Geral da ONU (REUTERS/Carlo Allegri)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2015 às 17h02.
Nações Unidas - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou nesta segunda-feira perante a ONU o uso de "sanções unilaterais" para servir a "interesses políticos" e, ao mesmo tempo, "eliminar concorrentes" econômicos.
Putin, que discursou perante a Assembleia Geral pela primeira vez em uma década, atacou desta forma as medidas impostas contra a Rússia pelos Estados Unidos e a União Europeia (UE) pela crise ucraniana.
"As sanções unilaterais se transformaram em algo habitual. Além de perseguir interesses políticos, estas sanções servem como uma forma de eliminar concorrentes", disse o presidente russo, que considerou que esses tipos de medidas transgridem o estabelecido na Carta das Nações Unidas.
Pouco antes, o presidente americano, Barack Obama, tinha defendido desde o mesmo lugar as sanções impostas à Rússia após a anexação da Crimeia porque os EUA não podem ficar calados "quando a soberania e a integridade territorial de uma nação são violadas".
"O povo ucraniano está agora mais interessado do que nunca em se aliar à Europa ao invés da Rússia", ressaltou Obama.
Putin respondeu defendendo sua habitual postura sobre a Ucrânia, considerando que o ocorrido no país foi um "golpe militar" instigadado desde o exterior e insistindo que a solução para crise deve ocorrer com uma "total implementação" dos acordos alcançados em Minsk.
"A integridade territorial da Ucrânia não pode ser assegurada com ameaças e força das armas. O que é necessário é considerar verdadeiramente os interesses e os direitos do povo da região de Donbass e respeitar sua escolha", disse.
Putin lamentou que o "pensamento de blocos da Guerra Fria" continue presente em alguns países e criticou concretamente a expansão da Otan.
No plano comercial, o líder russo atacou as "associações econômicas fechadas e exclusivas" promovidas por algumas potências e que são negociadas "a portas fechadas", sem levar em conta para nada fóruns como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
"Isto poderia desequilibrar o sistema de comércio totalmente e desintegrar o espaço econômico global", advertiu.
Embora não tenha feito menções concretas, Moscou criticou no passado as negociações dos EUA para fechar grandes acordos comerciais com a Europa e com os países do Pacífico.