Bolsonaro em encontro com Putin em Moscou, na Rússia. (Oficial Kremlin/PR/Flickr)
Isabela Rovaroto
Publicado em 16 de fevereiro de 2022 às 12h14.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2022 às 13h36.
O presidente Jair Bolsonaro iniciou, no Kremlin, o encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ponto alto da viagem oficial ao país. Nos cumprimentos iniciais, o chefe do Executivo brasileiro destacou ao russo que é solidário ao país e que deseja colaborar nas áreas de defesa, petróleo, gás e agricultura.
A afirmação sobre solidariedade vem em meio às tensões entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente, no entanto, não citou diretamente o tema. "Somos solidários à Rússia e queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, petróleo e gás, agricultura. As reuniões estão acontecendo", disse o chefe do Executivo brasileiro a Putin, na manhã desta quarta-feira, 16, pelo horário de Brasília, com a ajuda de um intérprete.
Bolsonaro ainda agradeceu a Putin pelo convite para a visita oficial a Moscou. "Estou muito feliz e honrado com seu convite. Nossa passagem por aqui é retrato para o mundo de que podemos crescer muito em nossas relações bilaterais", seguiu.
Em seguida, Bolsonaro agradeceu o apoio do Kremlin ao caso de um brasileiro preso na Rússia. "Estamos à disposição e tenho certeza de que esse encontro será muito produtivo para nossos povos", finalizou, antes de seguir para a parte reservada da agenda.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que Brasil e Rússia têm posições "próximas ou coincidentes" na pauta internacional. A declaração foi feita no Kremlin após encontro com o presidente Jair Bolsonaro e em meio às tensões do país com a Ucrânia.
"Posições de nossos países são próximas ou coincidentes. Temos firmes compromissos com resolução de conflitos por meio diplomáticos e políticos", declarou o russo, acusado pelos Estados Unidos de ter disposição em invadir a Ucrânia.
O presidente da Rússia também destacou o envio de "quase 10 milhões de toneladas" de fertilizantes ao Brasil. A crise dos fertilizantes é o principal interesse do país na visita oficial. Ele também falou em "eficácia" de conselhos empresariais dos dois países e destacou a reunião de Bolsonaro com esses grupos aqui em Moscou, o que deverá ocorrer nesta noite.
Putin ainda agradeceu a agenda com Bolsonaro e disse ter combinado com o brasileiro manter intercâmbios bilaterais nas áreas de ciência e medicina. "Gostaria de agradecer Bolsonaro pelo trabalho conjunto. Pretendemos intensificar a cooperação em assuntos de interesse da ONU", afirmou.
O líder russo destacou o importante papel do Brasil na economia global e manifestou pesar pelos estragos da chuva em Petrópolis, na região serrana do estado do Rio de Janeiro.
Diferentemente do presidente da França, Emannuel Macron, e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente Jair Bolsonaro pôde se sentar ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a reunião bilateral desta quarta-feira, 16. A diferença no tratamento ocorre porque o brasileiro aceitou as condições do Kremlin e passou por um teste de covid-19 nesta manhã (pelo horário de Brasília).
Bolsonaro testou negativo para o coronavírus hoje cedo, em seu hotel em Moscou, atendendo a um pedido do Kremlin, sede do governo russo.
Já Macron e Scholz preferiram não se testar para a covid-19 em território russo com receios de clonagem de material genético. A imagem de Macron em uma "mesa gigante" para manter o distanciamento social de Putin tornou-se meme na internet.
Segundo apurou a reportagem, é nessa mesma mesa que Putin e Bolsonaro vão almoçar após o encontro bilateral reservado — mas sem a necessidade de tanto distanciamento, devido ao teste negativo de Bolsonaro.
Sede do governo russo e do encontro entre os presidentes, o Kremlin tem rígidos protocolos sanitários em função da covid-19. Bolsonaro diz não ter se vacinado contra a covid-19 e costuma colocar a importância da imunização sob dúvidas. Já Putin tomou três doses da vacina russa Sputinik V.
A pauta central da reunião entre os dois será a crise dos fertilizantes, mas Bolsonaro também considera falar de cibersegurança, como mostrou a reportagem do Estadão/Broadcast. A crise envolvendo a Ucrânia será outra pauta da reunião, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, apesar da orientação do Itamaraty para que o presidente evitasse o tema.
Para participar da reunião, Bolsonaro teve de se submeter a um teste de covid-19 do tipo RT-PCR nesta manhã em seu hotel em Moscou. Além disso, o encontro bilateral terá a presença apenas dos dois presidentes e de intérpretes. As medidas obedecem protocolos sanitárias rígidos do Kremlin em função da pandemia.
Dois integrantes do Itamaraty ouvidos reservadamente pela reportagem relatam certo temor de um encontro de Bolsonaro e Putin sem a presença de diplomatas.