Vladimir Putin: autoridades norte-americanas disseram na segunda-feira que Trump tinha revelado informações altamente secretas para o ministro das Relações Exteriores russo (Ivan Sekretarev/Pool/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2017 às 09h41.
Última atualização em 17 de maio de 2017 às 17h33.
Sochi - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não repassou qualquer segredo ao ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, durante uma reunião em Washington na semana passada, e que pode provar sua afirmação entregando uma transcrição ao Congresso dos EUA.
Entretanto, um político republicano dos Estados Unidos de destaque disse que teria pouca confiança em qualquer documento que Putin possa fornecer.
Trump, cujo governo tem sido abalado por alegações de que a Rússia o ajudou a chegar à Casa Branca e de que ele e seus aliados são muito próximos de Moscou, defendeu na terça-feira sua decisão de discutir dados de inteligência com autoridades russas, após relatos da mídia sobre o encontro alarmarem alguns políticos norte-americanos e estrangeiros.
Já o presidente russo usou seu conhecido sarcasmo nesta quarta-feira para deixar claro que considera infundada a alegação de que Trump revelou segredos.
"Conversei com ele (Lavrov) hoje", disse Putin, sorrindo, em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni, no balneário de Sochi, no Mar Morto.
"Serei forçado a emitir uma reprimenda contra ele porque não compartilhou estes segredos conosco. Não comigo, não com representantes dos serviços de inteligência da Rússia. Foi muito ruim da parte dele", acrescentou.
Putin, que disse que Moscou avaliou o encontro com Trump "muito positivamente", afirmou que seu país está pronto para entregar uma transcrição da reunião aos parlamentares dos Estados Unidos, se isso os tranquilizar.
Mais tarde, o assessor do Kremlin Yuri Ushakov disse a repórteres que Moscou tem em sua posse um registro escrito da conversa, não em áudio.
Queixando-se do que classificou como sinais de "esquizofrenia política" nos EUA, Putin disse que não estão deixando Trump fazer seu trabalho devidamente.
"É difícil imaginar o que mais estas pessoas que criam tantos absurdos e asneiras podem bolar em seguida", disse o líder russo.
"O que me surpreende é que eles estão abalando a situação política doméstica usando slogans antirussos. Ou eles não entendem o estrago que estão fazendo em seu próprio país, e nesse caso são simplesmente idiotas, ou entendem tudo, e nesse caso são perigosos e corruptos".
O senador republicano dos EUA, Marco Rubio, não ficou impressionado com a oferta de Putin e fez referência à suposta invasão hacker de grupos do Partido Democrata por russos durante a eleição presidencial norte-americana do ano passado.
"Eu não colocaria muita credibilidade no que quer que sejam as notas de Putin", disse Rubio à Fox News. "E se vier em um e-mail, eu não clicaria no anexo".
O deputado Adam Schiff, principal democrata no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, que está entre os que estão investigando a suposta interferência da Rússia na eleição norte-americana de 2016, chamou a oferta de Putin de "muito divertida".
Trump também está sob pressão devido a acusações de que ele pediu ao então diretor do FBI James Comey para pôr fim à investigação da agência sobre as ligações com a Rússia do ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Michael Flynn antes de demitir Comey.