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Putin diz que atentado em Moscou foi obra de 'islamistas radicais' que tentaram fugir para a Ucrânia

Kiev nega envolvimento com o ataque terrorista que deixou pelo menos 137 pessoas mortas na Rússia; no domingo, quatro suspeitos foram detidos com sinais de tortura

Vladimir Putin, presidente da Rússia (AFP)

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Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 25 de março de 2024 às 18h02.

Última atualização em 25 de março de 2024 às 19h20.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira que o ataque realizado em uma casa de shows em Moscou na última sexta — o mais mortal do país em duas décadas e reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) na sequência — foi cometido por “islamistas radicais” que, segundo ele, tentaram fugir para a Ucrânia. Conforme autoridades russas, pelo menos 137 pessoas morreram no atentado.

"Sabemos que este crime foi cometido por islamistas radicais com uma ideologia contra a qual o mundo islâmico tem lutado há séculos", disse Putin em uma reunião do governo transmitida pela televisão. "Sabemos quem cometeu esta atrocidade contra a Rússia e seu povo. O que nos interessa é o patrocinador. É importante responder à pergunta: por que os terroristas, após o crime, tentaram ir para a Ucrânia?", acrescentou.

No fim de semana, Putin e o Serviço Federal de Segurança russo (FSB) não mencionaram a participação jihadista no ataque, limitando-se a falar sobre a suposta conexão com a Ucrânia. O governo de Kiev e os países ocidentais negaram repetidamente qualquer participação ucraniana. Ainda assim, nesta segunda o líder russo insinuou novamente que o país vizinho poderia ter algo a ver com o crime.

"Aqueles que apoiam o regime de Kiev não querem ser cúmplices do terror e apoiadores do terrorismo, mas surgem muitas perguntas", afirmou. "Imediatamente nos perguntamos: quem se beneficia com isso? Esta atrocidade pode ser um novo elo com aqueles que, desde 2014, têm lutado contra nosso país por meio do regime neonazista em Kiev. E os nazistas, como é sabido, nunca deixaram de usar os métodos mais sujos e desumanos para alcançar seus objetivos."

Ataque terrorista

Segundo um repórter da agência Ria Novosti, homens em uniformes táticos invadiram uma casa de shows e abriram fogo antes de lançar “uma granada ou uma bomba incendiária, provocando um incêndio”. “As pessoas que estavam na sala se jogaram no chão para se proteger dos disparos por 15 ou 20 minutos” e muitos tentaram “sair rastejando”, disse. Vídeos do espaço em que o show seria realizado também foram divulgados. Neles é possível ouvir tiros e os gritos das pessoas.

"Ouvimos tiros, a princípio não sabíamos o que estava acontecendo. Então vi terroristas atirando nas pessoas. Jogaram vários coquetéis molotov e tudo pegou fogo. Fomos levados para a saída. A porta de saída estava trancada, depois fomos para o porão, onde esperamos por ajuda", disse Vitaly, uma testemunha do ataque, ao serviço russo da BBC.

A Casa Branca transmitiu suas condolências às vítimas do tiroteio e disse que “as imagens são simplesmente horríveis e difíceis de assistir”. Antes do Estado Islâmico assumir a autoria do ataque, a Ucrânia garantiu que não tinha “nada a ver” com o ocorrido.

Suspeitos são presos

Quatro homens suspeitos de realizar o ataque terrorista foram levados a um tribunal distrital no final do domingo e denunciados por terrorismo. Eles, que eram do Tajiquistão, trabalhavam como imigrantes na Rússia. Dois deles, após confessarem, foram formalmente acusados. Nesta segunda-feira, os promotores russos solicitaram a um tribunal de Moscou a prisão preventiva de mais três homens da mesma família.

Os quatro homens pareciam gravemente feridos quando foram levados, separadamente, à corte. Três entraram curvados no tribunal, enquanto o quarto estava em uma cadeira de rodas, informou a CNN. Vídeos deles sendo torturados e espancados durante o interrogatório circularam nas redes sociais. Eles foram detidos no sábado, de acordo tanto com a mídia estatal quanto da independente do país, e podem pegar prisão perpétua.

Segundo o tribunal, dois réus, Dalerjon Mirzoyev e Saidakrami Rachalbalizoda, se declararam culpados das acusações e foram formalmente acusados. Não foi divulgada nenhuma declaração dos outros dois, informou a agência de notícias independente Mediazona.

Muhammadsobir Fayzov, barbeiro de 19 anos de idade e o mais jovem dos acusados, foi levado para a sala de audiências diretamente de um pronto-socorro de um hospital, em uma cadeira de rodas. Ele estava acompanhado por um médico. Muitas vezes falando em tadjique, com ajuda de um tradutor para o russo, respondeu a perguntas sobre sua biografia em voz baixa e gaguejou, de acordo com a Mediazona.

Minuto de silêncio

O Conselho de Segurança das Nações Unidas fez um minuto de silêncio nesta segunda-feira pelas vítimas do atentado em Moscou. O representante do Japão na ONU, atual presidente do órgão de 15 nações, pediu a todos os membros que se levantassem para prestar respeito antes de dar início à sessão que terminou com a aprovação de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

O atentado ocorreu no centro comercial Crocus City Hall minutos antes de um show que seria feito no local começar. Autoridades russas classificaram o caso como um “atentado terrorista”. Mais tarde, a organização terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do ataque. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que os homens armados chegaram e dispararam contra dezenas de pessoas.

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, também fez um minuto de silêncio nesta segunda-feira em memória do ataque — o mais mortal na Rússia em duas décadas. O pedido foi feito por Ekaterina Kudelich, oficial do Ministério da Justiça russo. Ela disse ao conselho que este “ato desumano” foi “uma fonte de tristeza pessoal”, uma vez que “um colega próximo do Ministério da Justiça morreu no ataque, e a esposa dele ficou gravemente ferida”.

"Gostaríamos de expressar nossa gratidão a cada pessoa que não ficou indiferente a esta tragédia", disse Kudelich, solicitando o minuto de silêncio em memória dos que morreram.

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