Vladimir Putin: "Consideramos e tratamos os Estados Unidos como uma grande potência com a qual queremos estabelecer uma boa relação", afirmou (Sergei Karpukhin/Reuters)
EFE
Publicado em 30 de março de 2017 às 14h10.
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou nesta quinta-feira que as tentativas de algumas forças nos Estados Unidos de piorar ainda mais as relações bilaterais e levá-las ao nível da "crise dos mísseis" são "um grande erro".
"Não acredito que seja do interesse da maioria do povo americano levar as relações entre Rússia e Estados Unidos ao ponto do absurdo por culpa da agenda interna. O que queremos? Acabar com nossas relações? Já estão quase em nível zero", afirmou Putin, ao discursar em um Fórum internacional sobre o Ártico na cidade russa de Arkhangelsk.
"O que buscamos? A ruptura total das relações diplomáticas? Voltar a repetir a situação dos anos 1960, a crise dos mísseis de Cuba? E aí? O que acontece depois? Aonde nos levará a irresponsabilidade de algumas pessoas?", questionou o líder russo.
O chefe do Kremlin assegurou que isso "é um grande erro" e disse que espera "de verdade, que algum dia, o mais rápido possível, a situação (nas relações com os EUA) se normalize".
"Consideramos e tratamos os Estados Unidos como uma grande potência com a qual queremos estabelecer uma boa relação. Todo o restante são mentiras e ficções", afirmou o presidente russo.
Putin comentou que a "ameaça russa" está sendo utilizada nos EUA "para sua própria agenda interna".
"A carta anti-Rússia é lançada em interesse de algumas forças políticas individuais nos Estados Unidos", ressaltou o governante.
Putin voltou a negar qualquer interferência de Moscou na vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas e denunciou as tentativas de apresentar como espionagem algumas reuniões mantidas pelo embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, durante a campanha eleitoral.
"Os contatos de nosso embaixador nos EUA são limitados. Cada reunião é vista como um ato de espionagem. Não é uma bobagem? Para que temos um embaixador?", comentou o presidente russo.
Putin citou como exemplo o tratamento dado ao embaixador americano na Rússia, John Tefft.
"Ele veio a este fórum. Se comunica com todos os participantes, ele pode se comunicar com os membros de todos os governos, com representantes das grandes empresas russas. Nós não impedimos nada, pelo contrário, promovemos seus contatos", enfatizou o líder russo.
O chefe do Kremlin afirmou que estaria disposto a se reunir com Trump em Helsinque, na Finlândia, se acontecer uma cúpula de países do Ártico na capital da nação nórdica.
"Esses encontros devem ser preparados pelas duas partes. Se acontecer, estaríamos encantados de participar desse evento (Conselho Ártico na Finlândia)", afirmou Putin.
Essa foi a resposta dada pelo líder russo ao presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, que se ofereceu para acolher em seu país um encontro entre os líderes de Rússia e EUA dentro de uma possível cúpula de países do Ártico.
O líder russo acrescentou que, se essa cúpula não acontecer na Finlândia, também poderia se encontrar pela primeira vez com Trump durante uma reunião do G20.