O presidente russo, Vladimir Putin (Alexander NEMENOV/AFP)
AFP
Publicado em 28 de fevereiro de 2022 às 18h39.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2022 às 18h46.
O presidente russo, Vladimir Putin, arremeteu nesta segunda-feira contra as sanções impostas pelo que chamou de "império da mentira" ocidental em resposta à invasão à Ucrânia, e anunciou medidas drásticas para conter a queda do rublo.
Segundo decreto publicado no site do Kremlin, os residentes na Rússia ficarão proibidos de transferir dinheiro para o exterior a partir desta terça-feira. Além dessa primeira medida, os exportadores russos serão obrigados, a partir de hoje, a converter em rublos 80% de sua receita em moeda estrangeira obtida desde 1º de janeiro.
O rublo caiu a mínimas históricas hoje desde a abertura das negociações na Bolsa de Moscou, e fechou negociado a 94,6 por dólar, frente a 83,5 antes da invasão à Ucrânia.
Para defender a economia e a moeda nacionais do impacto das sanções ocidentais, o Banco Central da Rússia anunciou, em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, que elevará sua taxa básica de juros em 10,5 pontos percentuais, a 20%.
Estados Unidos, União Europeia e outros países anunciaram que irão excluir alguns bancos russos do sistema internacional de pagamentos bancários Swift e de qualquer transação com o Banco Central da Rússia. Também foram anunciadas medidas de represália comerciais, como o fechamento do espaço aéreo a aviões russos pela Europa.
A TV russa exibiu imagens de uma reunião entre Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, o ministro das Finanças Anton Siluanov, a presidente do banco central russo, Elvira Nabiullina, e o diretor-geral do maior banco do país, Sberbank, para responder às sanções.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu um pouco antes que as sanções das potências ocidentais eram "duras" e representavam um "problema", mas que a Rússia tinha "todo o potencial necessário para compensar os danos". O Kremlin não anunciou nenhuma medida adicional em reação às sanções.
"As medidas tomadas reduzem a volatilidade", disse à AFP Alexei Vedev, analista do instituto econômico Gaïdar. "A incerteza é enorme e o banco central está agindo com razão", acrescentou.
Em uma reação rara, magnatas russos expressaram publicamente seu descontentamento.
“É uma crise verdadeira e são necessários especialistas verdadeiros em crises. Deve-se mudar absolutamente de política econômica e pôr fim a todo esse capitalismo de Estado”, publicou no aplicativo de mensagens Telegram Oleg Deripaska, multimilionário criador da gigante do alumínio Rusal. Ele disse esperar do governo "esclarecimentos e comentários claros sobre a política econômica para os próximos três meses".
Para Serguei Khestanov, assessor macroeconômico da Open Broker, a Rússia ainda tem espaço. "Enquanto não houver sanções reais às exportações russas, especialmente petróleo e gás, não haverá catástrofe", indicou, embora "as pessoas, é claro, vão sentir" os efeitos.
Preocupados, alguns russos preferiram retirar suas economias do banco. Esse foi o caso de Svetlana Paramonova, 58, que deseja sacar todo o seu dinheiro "para guardá-lo em casa. É mais seguro, uma vez que já não entendemos mais o que acontece."