Putin voltou a ameaçar o uso de armas nucleares contra países ocidentais.
Redator na Exame
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 08h52.
O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a elevar o tom em seu discurso nuclear, afirmando que a Rússia pode considerar o uso de armas nucleares caso seja atacada por qualquer país com armas convencionais. As declarações foram feitas durante uma reunião com o conselho de segurança russo na quarta-feira, 25, onde Putin também anunciou alterações na doutrina nuclear do país. As informações são do The Guardian.
A fala do líder russo representa o alerta mais enfático até o momento contra o Ocidente, que tem permitido à Ucrânia realizar ataques mais profundos no território russo com o uso de mísseis ocidentais de longo alcance. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, há meses solicita autorização para utilizar mísseis como os britânicos Storm Shadow e os americanos Atacms para atingir alvos mais distantes dentro da Rússia.
Putin destacou que a Rússia consideraria o uso de armas nucleares caso receba informações confiáveis sobre o início de um ataque em grande escala contra seu território, seja por mísseis, aviões ou drones. Além disso, o presidente russo alertou que qualquer potência nuclear que apoie um ataque a seu país seria considerada participante de uma agressão, em uma clara mensagem ao Ocidente.
As mudanças na doutrina nuclear russa, segundo Putin, foram feitas levando em conta as ameaças militares modernas que a Rússia enfrenta atualmente. Ele mencionou que a situação militar e política está em constante transformação, o que exige adaptações, incluindo o surgimento de novas fontes de risco tanto para a Rússia quanto para seus aliados.
Zelensky, por sua vez, busca há meses o uso de mísseis de longo alcance para atacar o território russo, e essa questão tem sido motivo de preocupação para a Rússia. Autoridades russas alertam que qualquer autorização para o uso desses mísseis representaria um agravamento direto do conflito com o Ocidente, levando a decisões "apropriadas" por parte de Moscou.
O chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, minimizou a importância das novas declarações russas, afirmando que a Rússia está utilizando o "blefe nuclear" como uma ferramenta para intimidar a comunidade internacional. Segundo Yermak, o uso de ameaças nucleares já não é mais uma forma eficaz de pressão global.
A posição adotada por Putin reflete o desejo de Moscou de dissuadir o Ocidente de fornecer mais armas de longo alcance para a Ucrânia, em um momento em que o conflito se aprofunda. Desde o início da invasão em grande escala, em fevereiro de 2022, Putin tem mencionado com frequência o arsenal nuclear da Rússia, garantindo que usará todos os recursos disponíveis para defender o território russo.
Em junho de 2020, a Rússia já havia estabelecido diretrizes claras em um decreto de seis páginas sobre quando o país poderia utilizar suas armas nucleares. No entanto, com o avanço da guerra na Ucrânia, autoridades russas têm pressionado por uma postura ainda mais assertiva, incluindo a redução do limiar para o uso de armas nucleares.
A nova ameaça nuclear de Putin surge em um contexto de intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, especialmente após os pedidos de Zelensky para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente. O uso desses armamentos é visto como um fator que pode aumentar drasticamente as tensões na região.
No início de setembro, Putin já havia alertado que o Ocidente estaria diretamente envolvido no conflito caso permitisse que a Ucrânia utilizasse essas armas. O líder russo mencionou que a Rússia tomaria decisões adequadas em resposta, embora não tenha especificado quais medidas seriam tomadas.