Putin advertiu que o arsenal nuclear russo já não é obsoleto como após a queda da União Soviética (Alexey Druzhinin/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de fevereiro de 2012 às 19h39.
Moscou - O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira durante uma visita à central atômica de Sarov que a Rússia não abrirá mão de seu arsenal nuclear até que disponha de armamento sofisticado que cumpra a mesma função.
'Que ninguém tenha ilusões a respeito. Apenas renunciaremos às armas nucleares quando dispusermos de armamento similar e nem um dia antes', declarou Putin, citado pelas agências russas.
O premiê, que está em plena campanha eleitoral para as presidenciais de 4 de março, reconheceu que a Rússia está atrasada em relação às outras potências no que se refere à fabricação de armas de alta precisão.
'Essas armas são equiparáveis às de destruição em massa. Elas já se diferenciam muito pouco no que se refere aos resultados de sua aplicação e no futuro serão a mesma coisa', disse.
Putin revelou que Moscou é contra a ampliação do grupo de potências nucleares e expressou sua confiança na cooperação com os Estados Unidos para impedir uma corrida armamentista nuclear no mundo.
Além disso, defendeu a manutenção da paridade nuclear, ao considerar que é 'um elemento de estabilidade internacional' e 'uma obrigação das potências diante da humanidade'.
'Isto é muito importante. Depois da Segunda Guerra Mundial essa paridade garantiu a ausência de conflitos globais. Houve muitos conflitos regionais, que infelizmente continuam aumentando, mas o equilíbrio estratégico preveniu disputas maiores', disse.
O líder russo considera que uma das ameaças para esse equilíbrio estratégico são os planos americanos de desdobrar elementos de seu escudo antimísseis na Europa.
'É óbvio que é preciso enfrentar as ameaças para a segurança nacional, mas é preciso fazê-lo sem criar novas ameaças globais. Do nosso ponto de vista, estão sendo realizadas tentativas de romper esse equilíbrio e criar um monopólio da invulnerabilidade', declarou.
Diante da recusa de Washington de acertar posturas sobre defesa antimísseis, acrescentou, a Rússia já está adotando medidas unilaterais para posicionar mísseis capazes de superar qualquer escudo.
Putin advertiu que o arsenal nuclear russo já não é obsoleto como após a queda da União Soviética, já que 'entre 2008 e 2011 as tropas receberam 39 mísseis balísticos e foram colocados em serviço dois novos submarinos atômicos, além de 12 sistemas com mísseis táticos Iskander'.
O primeiro-ministro indicou ainda que a Rússia destinará mais de US$ 700 bilhões para o rearmamento durante os próximos 20 anos, a fim de 'garantir a segurança nacional e a integridade territorial'.