Putin: "apesar de tudo, nossa doutrina militar não muda. Tem, como se sabe, um caráter exclusivamente defensivo, mas defenderemos nossa segurança de maneira consequente e firme" (Vasily Maximov/Pool/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2014 às 12h59.
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira que a nova doutrina militar russa continuará sendo exclusivamente defensiva, apesar da crescente atividade da Otan no Leste Europeu após a explosão do conflito na Ucrânia.
"Apesar de tudo, nossa doutrina militar não muda. Tem, como se sabe, um caráter exclusivamente defensivo, mas defenderemos nossa segurança de maneira consequente e firme", disse Putin, citado pela imprensa local.
Em uma reunião de altos cargos do Ministério da Defesa, Putin lembrou, entre outras ameaças, o desdobramento na Europa "de um sistema escalonado de defesa antimísseis dos Estados Unidos", o que o governo russo considera uma ameaça direta a sua segurança.
Além disso, ressaltou que "a atividade da Otan na Europa e, em particular, na Europa do Leste aumentou" depois que vários países aliados, como a Polônia e os Bálticos, alertaram sobre o expansionismo da Rússia após a anexação da Crimeia em março.
"Como sempre, a Rússia defenderá de maneira apropriada seus interesses e sua soberania, buscará fortalecer a estabilidade internacional, advogará por uma segurança paritária para todos os Estados e povos", afirmou.
Segundo o chefe do Kremlin, o Exército russo assumiu "um novo aspecto" que o permitirá enfrentar as missões mais complexas e receberá mais de 50 novos mísseis intercontinentais em 2015.
"Estas forças são um importantíssimo fator de contenção do equilíbrio (de forças) global e, praticamente, excluem a possibilidade de uma agressão a grande escala contra a Rússia", analisou.
O líder russo indicou como objetivo para 2021 a completa modernização das forças nucleares terrestres e a aviação estratégica, em particular os Tu-160 e Tu-95MC, que levam cargas nucleares.
Putin negou que a Rússia se proponha a militarizar o Ártico, apesar dos planos de abrir várias bases militares na zona, como no arquipélago de Nova Zembla, o que foi denunciado por vários países com interesses na região.
"Novamente, ressalto que não temos a intenção de nos dedicar à militarização do Ártico. Nossas operações nesta região têm caráter contido e racional em sua magnitude, mas absolutamente necessárias para garantir a capacidade militar da Rússia", disse.
Um alto funcionário do Conselho de Segurança da Rússia informou nesta sexta-feira à agência oficial "RIA Novosti" que a nova doutrina, que será aprovada antes do fim do ano, não incluirá a possibilidade de efetuar um ataque nuclear preventivo, como tinham afirmado vários veículos de comunicação.
Segundo fontes oficiais, a nova doutrina militar russa não incluirá grandes mudanças em relação à que aprovada em 2010 e simplesmente refletirá os novos fatores da política externa surgidos nos últimos tempos.