Vladimir Putin, presidente russo: "Isto não depende de nós. Ou não depende apenas de nós. Depende de nossos aliados", completou. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2014 às 08h22.
São Paulo - O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou neste sábado que "nada impede" a normalização das relações entre a Rússia e o Ocidente, que passam pelo pior momento desde a Guerra Fria em consequência da crise na Ucrânia.
"Acredito que não há nada que impeça a normalização e uma cooperação normal", afirmou Putin.
"Isto não depende de nós. Ou não depende apenas de nós. Depende de nossos aliados", completou.
Na quinta-feira, Rússia, Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia assinaram um acordo em Genebra que deveria reduzir a tensão no território ucraniano, cenário de vários focos de insurreição separatista na região leste, que tem maioria da população de língua russa.
Na sexta-feira, o governo dos Estados Unidos aumentou a pressão sobre a Rússia para que o Kremlin obrigue os ativistas pró-Moscou a abandonarem os prédios públicos ocupados no leste da Ucrânia. Mas os separatistas resistem a aceitar o acordo de Genebra.
Em Donetsk, a grande cidade industrial do leste, os separatistas pró-Rússia mantêm sob controle a administração regional, um imponente edifício ocupado há duas semanas pelos líderes da autoproclamada "República de Donetsk".
O edifício público, cercado por sacos de areia, pneus e móveis que formam barricadas, é vigiado por homens armados em um clima de aparente normalidade nas ruas.
"Continuamos como sempre", disse um dos ativistas pró-Moscou à AFP.
"Um sacerdote ortodoxo está dentro do prédio para festejar a Páscoa durante a tarde", completou.
As autoridades pró-Ocidente de Kiev fizeram uma tentativa de agradar os separatistas na sexta-feira com a promessa de uma importante descentralização e um estatuto de proteção para a língua russa.
Mas o anúncio tem poucas probabilidades de funcionar, pois 70% dos habitantes da região de Donetsk consideram que o atual governo de Kiev é "ilegítimo", segundo uma pesquisa publicada neste sábado pela revista Dzerkalo Tyjnia.
A pesquisa mostra ainda que 52,2% das pessoas entrevistadas são contrárias à incorporação da região à Rússia.
O governo de Washington advertiu a Moscou que pretende observar de perto o cumprimento do acordo de Genebra, que prevê o desarmamento dos grupos armados ilegais e a desocupação dos prédios públicos, assim como uma anistia para aqueles que entregarem as armas, exceto para os que cometeram assassinatos.
Em uma conversa telefônica com o chanceler russo, Serguei Lavrov, chefe da diplomacia americana, John Kerry, defendeu "o respeito total e imediato do acordo de Genebra de 17 de abril", segundo uma fonte do Departamento de Estado.
Mas o presidente Barack Obama demonstrou prudência e advertiu que Washington e Bruxelas podem adotar novas sanções contra Moscou caso o acordo não seja aplicado.
No mesmo discurso deste sábado, o presidente russo afirmou que a relação de seu país com a Otan também deve melhorar com o novo secretário-geral da Aliança Atlântica, o ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg.
"Temos ótimas relações, inclusive relações pessoais. É uma pessoa muito séria e responsável", disse.
Vladimir Putin acusou durante a semana o atual secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, de ter gravado em segredo uma conversa privada entre ambos quando era primeiro-ministro da Dinamarca.