Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul pelo PT (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2011 às 19h46.
Porto Alegre - A bancada do PSDB na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul criticou o governador Tarso Genro (PT) e "outras autoridades políticas" que participaram de um ato de desagravo ao vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (PSOL), condenado pelo Tribunal de Justiça por ofensas ao ex-marido da ex-governadora Yeda Crusius (PSDB), Carlos Crusius.
Em nota, os cinco parlamentares tucanos afirmaram que o ato suprapartidário de desagravo "envergonha a política gaúcha", manifestaram-se "estarrecidos" diante da postura do governador e sustentaram que "não há reparo a fazer contra uma decisão criminal". Em outro trecho do texto, destacam que "o desagravo serve para reparar ofensa ou injúria de quem foi ofendido e não de quem injuriou, difamou e ofendeu, sem nada provar, de maneira leviana e maldosa".
O fato inicial ocorreu em 2009, ano em que aliados do governo de Yeda Crusius se viram acossados por uma série de acusações de corrupção. No dia 11 de maio daquele ano, Ruas disse, num programa da TVCom, que Carlos Crusius "furtava da campanha", referindo-se à corrida eleitoral de 2006.
Crusius processou o vereador, perdeu no primeiro grau, mas apelou ao segundo grau e teve sua demanda atendida pela Turma Recursal Criminal, que condenou Ruas, por difamação, a três meses de detenção e converteu a pena em multa de R$ 2,1 mil no dia 4 de julho. O vereador já anunciou que vai levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que a Constituição garante aos parlamentares a inviolabilidade pelo direito de palavras, opinião e votos.
Em seu breve discurso durante o ato, ontem, Tarso disse que não estava questionando a decisão do Judiciário, mas fazendo uma manifestação política em defesa da liberdade de expressão. O deputado estadual Raul Pont (PT) disse que levou "solidariedade política" a Ruas e deu a entender que o vereador fez denúncias com argumentos sólidos, que estão num processo que corre contra Crusius e outros nove réus na Justiça Federal de Santa Maria.
"A Justiça teve celeridade para condenar uma manifestação, enquanto os processos por corrupção se arrastam por muitos anos", comparou, hoje. Ao comentar a nota do PSDB, usou palavras semelhantes às dos adversários políticos. "O que nos envergonha é a corrupção", rebateu. Tarso não voltou a comentar o assunto.