O novo partido de Kassab almeja ser a quarta força política dentro da Câmara dos Deputados, atrás do PT, do PMDB e do PSDB (Prefeitura de SP/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2011 às 08h45.
São Paulo - Os motivos que levaram um governador, cinco vice-governadores, dois senadores e 33 deputados federais a deixarem seus partidos para embarcar na construção de uma nova legenda, o Partido Social Democrático (PSD), vão desde a insatifação com suas antigas siglas à ambição política. Em meio a esse conlito de interesses, o partido, cujo principal mentor é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, conseguiu adesões de políticos das mais diferentes orientações ideológicas - do liberalismo ao comunismo. O PSD ficou, portanto, justamente com a cara que Kassabhavia previsto: nem de esquerda, nem de direita, nem de centro. Resta agora uma questão: como a legenda conseguirá fazer com que trabalhem unidos representantes de posições políticas tão diversas - e que não devem mudar de lado tão facilmente.
Nas recentes votações no Congresso Nacional, futuros integrantes do PSD adotaram posturas diferentes. Enquanto a senadora Kátia Abreu (TO) votou a favor do salário mínimo proposto pelo governo, por exemplo, o deputado Eduardo Sciarra (PR) foi contra o reajuste de 545 reais. Casos assim também ocorreram em outras votações, como a do trem-bala.
O deputado Guilherme Mussi (SP), eleito pelo PV, disse que manterá seus programas sobre desenvolvimento sustentável, apesar da concentração de ruralistas no PSD - com destaque para Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Mussi promete adotar, no entanto, uma postura mais moderada. “Os únicos verdes de verdade que estão no PV são o Alfredo Sirkis e a Marina Silva. O resto é papo furado. Existe uma forma de trabalhar com o desenvolvimento sem agredir meio ambiente, mas não uma forma xiita como as pessoas esperam de filiados do PV”, dispara.
O deputado federal Edson Pimenta (BA), que deixará o PCdoB, avalia como positiva a diversidade entre os integrantes do PSD. “Não queremos mais guerra entre esquerda e direita. Isso só criou antagonismo entre as partes e não ajudou o processo político brasileiro. Divergências poderão surgir, mas hoje eu diria que está tudo harmonioso”, declara.
Divergências - Pimenta tem conversado com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), para costurar uma futura aliança com o governo. “Vou brigar dentro do partido para que sejamos base dentro do governo”, diz. O deputado Carlos Magno (RO), eleito pelo PP, tem a mesma posição: “Será um partido da base de apoio ao governo, então todo o mundo que se afiliar terá que agir a favor da presidente Dilma Rousseff. Mas haverá muita divergência”.
A aposta de Magno é dada como certa: muitos políticos de oposição ao governo também prometem marcar presença no PSD. “Passaram-se somente seis meses das eleições. Não podemos querer impor que os políticos tenham um procedimento único. O partido é plural. Eu, por exemplo, sou de oposição”, diz o deputado Eduardo Sciarra (PR).
Um dos fundadores do DEM Arolde de Oliveira (RJ) também é contra o apoio integral do PSD ao governo. “A base aliada é aquela que apoiou o governo para ser eleito. Como o partido nasce agora, não é nem da base aliada, nem da oposição”, defende. Para ele, a nova legenda tem praticamente as mesmas ideologias e os mesmos princípios do Democratas. Com uma única diferença: “Que não seja um partido rancoroso, que faça oposição por oposição”. Oliveira avalia ainda que a nova legenda passará por um processo de transição até definir sua identidade, o que só deve ocorrer após as eleições municipais de 2012.
O PSD almeja ser a quarta força política dentro da Câmara dos Deputados, atrás do PT, do PMDB e do PSDB. Para isso, terá que conseguir apoio de mais dez deputados. A questão é: como a legenda conseguirá conviver com as mais variadas posições políticas dos correligionários sem perder a unidade? O senador Sérgio Petecão (PMN-AC) arrisca uma resposta: “Quando estivermos mais próximos, poderemos discutir um programa para o partido. Mas sabemos que não haverá condições de agradar a todos. Juntar o PCdoB com o DEM é um casamento que vai se ajustando com o tempo”. A conferir.