Mundo

Próximo governo terá de reforçar ajuste fiscal, dizem especialistas

  Brasília - Depois da ampliação dos gastos públicos nos últimos dois anos, o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de começar o mandato apertando os cintos, avaliam economistas ouvidos pela Agência Brasil. Segundo eles, o governo precisará aumentar o esforço fiscal no próximo ano para manter o equilíbrio das contas públicas. […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

 

Brasília - Depois da ampliação dos gastos públicos nos últimos dois anos, o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de começar o mandato apertando os cintos, avaliam economistas ouvidos pela Agência Brasil. Segundo eles, o governo precisará aumentar o esforço fiscal no próximo ano para manter o equilíbrio das contas públicas.

Considerado um dos pilares do sucesso da política econômica na última década, o superávit primário é a economia de recursos para pagar os juros da dívida pública. Por meio desse esforço fiscal, o governo reduz o endividamento e, no longo prazo, tem mais folga no caixa.

O processo de afrouxamento das contas públicas começou em 2009, quando o governo reduziu impostos e gastou mais para estimular a economia, na época afetada pela crise mundial. A meta chegou a ser reduzida para 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mas o superávit fechou o ano passado abaixo disso, em 2,05% do PIB.

Para 2010, a meta de superávit primário da União, estados, municípios e estatais voltou aos 3,3% do PIB. No acumulado dos últimos 12 meses, no entanto, o esforço fiscal soma apenas 2,01% do PIB, segundo dados do Banco Central divulgados na semana passada.

Apesar de estar entrando mais dinheiro nos cofres públicos, por causa do crescimento da economia, o governo passou a investir em ritmo maior que o aumento das receitas. De janeiro a agosto, as receitas líquidas do governo federal cresceram 17,8%. Os investimentos, no entanto, aumentaram 62%.

Para a economista-chefe do banco ING, Zaina Latif, o próximo presidente terá de intensificar o ajuste fiscal para manter a credibilidade do Brasil perante os investidores internos e internacionais. "Existe espaço para o ajuste e é essencial que seja dado esse sinal em 2011", afirma.

Por causa da crise econômica, muitos países elevaram os gastos públicos, mas Zaina não acredita que o Brasil deva continuar nesse caminho. "Ainda que a situação do Brasil seja privilegiada, a comparação não deve ser feita com o que acontece nos países desenvolvidos, mas com a América Latina, que tem um quadro fiscal mais comportado que o nosso", acrescenta.

O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Robson Gonçalves acredita que o aperto nos gastos públicos será necessário porque a economia crescerá menos a partir de 2011. "Se o governo for negligente, contando com um aumento na arrecadação, as contas públicas ficarão desequilibradas", adverte.

Segundo Gonçalves, o forte crescimento do PIB neste ano, que deverá ser de 7% pelas previsões oficiais, esconde o afrouxamento da política fiscal. Isso porque a arrecadação federal continua a bater recorde e mantém estável a dívida líquida do setor público, atualmente em 41,4% PIB. "No ano que vem, ou os gastos passam a crescer menos que a arrecadação ou a relação entre a dívida pública e o PIB sobe", constata.

Na avaliação de Fábio Kanczuk, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), o ajuste deveria ser muito mais profundo que a mera contenção dos gastos. Ele cobra a realização de reformas estruturais na economia e na administração pública. "Para fazer o ajuste ideal, o governo tem de mexer na Previdência Social, cortar salários, demitir funcionários públicos. Não é fácil politicamente", diz.

Leia mais sobre impostos

Siga as notícias de Economia no Twitter

 

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalEleiçõesEleições 2010EstadoImpostosLeãoPolítica no Brasil

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru