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Província indonésia proíbe contratação de mulheres bonitas

Cargos públicos não poderão contratar mulheres bonitas como secretárias para evitar o adultério no trabalho, de acordo com legislação aprovada por autoridades

Mulher indonésia: ação pretende fazer com que funcionários em cargos de direção se centrem em suas funções, diz governador (Getty Images)

Mulher indonésia: ação pretende fazer com que funcionários em cargos de direção se centrem em suas funções, diz governador (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de agosto de 2013 às 10h13.

Jacarta - Os altos cargos públicos da província indonésia de Gorontalo não vão poder contratar mulheres jovens ou atraentes como secretárias para evitar o adultério no ambiente de trabalho, de acordo com uma legislação aprovada recentemente pelas autoridades da província.

O governador de Gorontalo, Rusli Habibie, declarou que a iniciativa pretende fazer com que os funcionários em cargos de direção se centrem em suas funções e assim diminua o grande número de infidelidades que acontecem durante o expediente.

Em Gorontalo, uma província na ilha de Célebes que conta com mais de um milhão de habitantes, o governador constatou que os chefes "compram presentes e lembranças em suas viagens oficiais para elas (suas secretárias), mas não trazem nada para suas mulheres".

"Recebi relatórios sobre chefes de departamento flertando com suas secretárias", denunciou o governador, e lamentou que os adúlteros se comportem com elas "melhor que com suas próprias esposas ou com seus filhos". "Por isto, ordenei que substituíssem as secretárias femininas por homens ou por mulheres mais velhas que já não sejam atraentes", disse o dirigente.

Habibie solicitou à administração provincial que confeccione uma lista de secretárias que trabalhavam ali até agora, já que só as chefes de departamento poderão contratar assistentes do mesmo sexo.

O líder também se dirigiu às secretárias, e reivindicou que se centrem em seus trabalhos e resistam às insinuações de seus superiores, sob ameaça de consequências para aquelas que violarem a nova lei. Habibie acredita que esta "sanção moral" tenha sucesso e seja respeitada por todos os funcionários, embora a medida não conte com o consenso popular.

"A nova regulação culpa basicamente as assistentes mais jovens, que têm menos experiência e, normalmente, não contam com possibilidades de se defender", explicou à Agência Efe Ribka Triwayuning, uma secretária de Jacarta. Triwayuning disse que, sob seu ponto de vista, "deveriam ser punidos os ocupantes dos altos cargos que se aproveitam da posição de poder para se comportar de modo inapropriado, e não as mulheres que estão trabalhando".


O governador de Gorontalo promulgou no ano passado uma iniciativa orientada também à fidelidade matrimonial, ao exigir que os 3.200 funcionários homens de sua administração transferissem integralmente seus salários às contas correntes de suas respectivas esposas.

Habibie explicou então que a medida tinha o objetivo de "limitar o número de adultérios", porque com a nova legislação os maridos não poderiam gastar seu salário escondido de suas mulheres.

O projeto para substituir as secretárias jovens e atraentes coincide com a celebração do Ramadã, o mês sagrado de jejum muçulmano, dedicado tradicionalmente à purificação do corpo ao evitar comer, beber, fumar e manter relações sexuais entre o amanhecer e o pôr do sol.

Oitenta e cinco por cento dos 240 milhões de habitantes da Indonésia professa o Islã, a maioria de modo moderado, embora nos últimos anos alguns setores proponham uma influência mais direta da religião na sociedade.

Assim, por exemplo, se esboçou um novo Código Penal, que ainda depende de aprovação, que castigaria com penas de prisão o adultério e as relações extraconjugais.

Algumas regiões, como a província de Aceh, proibiram as mulheres de andar de motocicleta e a cavalo, ou dançar em público, medidas que não convencem a todos os indonésios.

"Para progredir verdadeiramente, são necessárias mudanças legais que protejam as mulheres", segundo Lakshmi Puri, diretora-executiva interina da ONU Mulheres, em recentes declarações aos meios de comunicação indonésios sobre os problemas de gênero no país asiático.

"É preciso terminar com a violência e a discriminação, ampliar o horizonte potencial das mulheres e assegurar que lhes seja dado voz e liderança", afirmou Lakshmi.

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